O prefeito Ricardo Nunes (MDB) declarou ser “humanamente impossível” conter a enxurrada que colocou debaixo d’água a estação Jardim São Paulo da linha 1-azul do metrô durante o temporal que atingiu a cidade na última sexta-feira (24).
Segundo a Defesa Civil estadual, em apenas das 15h às 16h caíram 82 milímetros de chuva, a maior quantidade já registrada no intervalo de uma hora em 65 anos de monitoramento feito pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Foi também o terceiro maior volume registrado em um dia.
Vídeos gravados por passageiros mostraram pessoas em cima de corrimões e grades de ferro para não serem levadas pela força da água. Trecho da linha, entre as estações Santana e Tucuruvi, permanece fechado desde sexta para recuperar os danos causados. Não há previsão para a normalização.
“Olha, num volume de água igual àquele, não adianta, você vai ter problema. É humanamente impossível conter uma quantidade de água naquele volume, no mesmo local, num espaço curto de tempo”, disse o prefeito no sábado (25).
“Agora é trabalhar para fazer bombeamento. Mas a gente precisa ser muito transparente. Com aquela quantidade de água, com o rio ali, ali podia ser o que fosse, fazer o que fosse, não teria condições de evitar os danos, infelizmente”, continuou.
Nunes citou as mudanças climáticas como o motivo para a precipitação de grandes volumes de água em curtos períodos. “A gente vai precisar fazer o quê? Ampliar a captação da água. Rapidamente a água desceu, mas ela teve ali o alagamento porque o diâmetro dessa tubulação toda não foi capaz de suportar o volume de água”, disse sobre o sistema de drenagem na avenida Pompeia, na zona oeste, que também ficou intransitável.
No mesmo dia, Nunes disse que a cidade respondeu com rapidez para conter a crise causada pelo temporal. Pela primeira vez, a Defesa Civil do estado emitiu um alerta severo de tempestade por meio da tecnologia CellBroadCast, recebido por todos os celulares que usam tecnologia 5G ou 4G.
Segundo o Metrô, já foram concluídos os trabalhos de drenagem da água e lavagem da via dos trens, limpeza de áreas internas e de fluxo da estação. As equipes também fizeram o reestabelecimento dos sistemas eletrônicos e reconstruíram e reforçaram um muro derrubado pela água.
“Os trabalhos atuais consistem na análise e ajustes dos sistemas de alimentação elétrica, bem como de sinalização e controle dos trens, antes da liberação para a circulação”, diz o Metrô em nota.
No sábado e no domingo (26), a capital paulista ficou em estado de atenção para alagamentos, mas não foram registrados transtornos da mesma dimensão que os de sexta.
Um motociclista foi encontrado sem vida em Guarulhos, na Grande São Paulo, após ter sido levado pela enxurrada. É a 16ª morte confirmadas em decorrência das chuvas neste verão em todo estado, segundo a Defesa Civil. No sábado, a morte de um artista plástico que teve a casa na Vila Madalena, na zona oeste da capital, invadida pelas águas também foi confirmada.
Mais temporais são previstos para esta semana na região metropolitana da cidade, que ainda tenta se refazer dos prejuízos causados pelas fortes chuvas desta sexta-feira (23). A máxima prevista para esta segunda-feira (27) é de 26°C.
Já à noite, em um evento em homenagem às vítimas do Holocausto do qual participou na CIP (Congregação Israelita Paulista), o prefeito voltou a dizer que a chuva excessiva limita, em certa medida, a capacidade das equipes de aliviarem as enchentes.
Segundo ele, a cidade tem voltado mais rapidamente a funcionar de forma normal devido aos investimentos de sua gestão em drenagem. Mas, “com esse volume de água tão alto […] por mais obras que se faça, sempre haverá lugares com um pouco de água, porque dependem da arquitetura e da nossa equipe para fazer sua limpeza e bombeamento e ajudar na drenagem”, completou.
Questionado sobre a ausência de planos de evacuação para áreas mais vulneráveis às chuvas, ele respondeu que “a cidade tem diversas peculiaridades” que tornariam a feitura de planos do tipo complexas demais. “A Defesa Civil de cada subprefeitura dá a orientação de como fazer as evacuações, de como agir em determinadas situações”, disse. Citou ainda uma das modalidades do Programa Operação Trabalho na qual a própria Defesa Civil treina moradores de comunidades para que eles possam orientar seus vizinhos em casos de situação de perigo e de insegurança.