Torcedores do São Paulo que retornaram ao Pacaembu na manhã deste sábado (25) para a final da Copinha relataram um misto de nostalgia com ansiedade para entrar no estádio.
Muitos ficaram frustrados com a demora no acesso sob o sol forte na praça Charles Miller. Vários torcedores relatavam que o horário de entrada seria às 8h, segundo informado no aplicativo de venda dos ingressos, o Bipfut.
Procurada, a Federação Paulista de Futebol, responsável pela operação do evento, não se pronunciou até a atualização mais recente deste texto.
Por volta das 8h40, a praça já estava tomada por são paulinos, muitos com crianças, circulando entre as barracas de churrasquinho, cerveja e acessórios do clube.
Como mostrou reportagem da Folha, a menos de 24 horas da disputa entre São Paulo e Corinthians pelo título da Copa São Paulo de Futebol Júnior, mais de cem operários trabalhavam para terminar detalhes de acabamento do complexo esportivo.
Ainda faltavam a instalação total de alambrado nas arquibancadas e blocos de calçamento na área oposta ao campo, perto do pátio das piscinas, do ginásio e das quadras de tênis, por exemplo.
Nos gradis de acesso ao setor norte, ainda fechados às 9h, torcedores aguardavam com impaciência. Para Sérgio Andrade da Silva, 43, a volta ao Pacaembu, que começou a passar por obras após a concessão feita há cinco anos, é uma oportunidade para apresentar o estádio ao filho, Acauã, 5.
Ele lamentou, porém, a demora para liberação de acesso ao estádio.
“Faltando uma hora para o jogo ainda aqui, não tem fila preferencial para idoso, para pessoa com deficiência, não é nem desorganizado, é que não tem organização.”
Sérgio, que mora no Rio Pequeno, no Butantã, havia chegado ao estádio às 8h e ainda aguardava às 9h. “As finais de copinha eram públicas, para aniversário da cidade, não tinha cobrança de ingresso. Com a cobrança, deixa de ser comemorativo da cidade, é mais um entretenimento como qualquer outro.” Ele aguardava nos gradis com uma multidão de torcedores, que se estendia até a avenida Pacaembu.
Para Carlos Oliveira, a espera era ainda mais longa. Ele havia chegado de Osasco às 6h para sua primeira final de Copinha. “Só tinha visto show aqui, quando ainda era da prefeitura, mas final é a primeira vez.”
As redondezas do estádio tinha clima tranquilo. Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, a Polícia Militar reforçou o policiamento na área com apoio da Cavalaria e do Batalhão de Choque.
“Durante uma abordagem de rotina, um homem, procurado da Justiça, foi localizado e conduzido ao 91º DP, onde a captura foi formalizada”, afirmou, em nota, a pasta.
Problema já conhecido, o assédio de flanelinhas continua. Mesmo antes da chegada ao estádio, vários deles já se espalhavam pelas ruas, inclusive no meio das vias, ainda na Dr. Arnaldo, e também na praça Centenário de Israel e na rua Alagoas, e não havia policiais por perto. A reportagem ouviu relatos não só de preços como R$ 50 por uma vaga de estacionamento, mas até de cobrança de R$ 10 para mover cones e liberar a rua.
Apesar das dificuldades, a final da Copinha levou Denis Martinez, 48, de volta ao estádio mais de 20 anos depois. Ele estava com os filhos Denis, 14, e Lucas, 26.
“Eu vim quando fomos campeões 2006, trouxe meu filho mais velho.” Apesar dos perrengues, como o acesso controlado, com as filas andando e parando, ele estava contente com o programa. “Faz parte.”
De acordo com a SSP, policiais chegaram a receber uma denúncia sobre a ação de flanelinhas e fizeram rondas, mas nenhuma irregularidade foi constatada, já que a suposta vítima não foi encontrada.
“A SSP atua continuamente no combate a práticas irregulares e situações que possam gerar transtornos à população. No entanto, a prática de “guardar” carros não é considerada criminosa, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), mas pode configurar crime em casos de extorsão, ameaça, intimidação ou violência.”
A secretaria afirmou que denúncias podem ser feitas ao 190, e que é importante que eventuais vítimas registrem boletim de ocorrência.
A 15 minutos do jogo, um sósia de Roberto Carlos se apresentava com playback perto da escada de acesso ao setor oeste enquanto centenas de torcedores ainda entravam no estádio.
Por volta das 10h, após o início da partida, a reportagem registrou ao menos três camelôs pulando a contenção de um acesso ao setor norte, à direita do portão principal. Eles repassavam caixas para quem já havia conseguido pular. O movimento parou depois de um funcionário da área de acesso chamar três policiais militares.