Ciclista é espancada e roubada em ciclovia de SP – 29/01/2025 – Ciclocosmo

A ciclovia do rio Pinheiros sempre foi considerada um oásis de segurança para os ciclistas da cidade de São Paulo. Seu traçado contornado pelo rio e por uma ferrovia era uma espécie de obstáculo natural contra a ação de criminosos. Era.

Uma gangue especializada em roubo de bicicletas abriu caminho entre as cercas da ferrovia e vem aterrorizando os frequentadores da estrutura cicloviária. Nos últimos 30 dias, o número de vítimas vem crescendo rapidamente. A última foi Cristiane, 51, assaltada e espancada na manhã de segunda-feira (27). Ela pediu para não revelar seu sobrenome.

“Veio um ciclista no sentido contrário, fazendo zigue-zague, se aproximou e jogou a bicicleta dele sobre mim. Eu caí, ele me pisou, deu cotoveladas e me obrigou a tirar a roupa. Fiquei sem saber o que estava acontecendo, com medo de tomar um tiro. Ele pedia meu celular, mas eu não tinha. Levou minha aliança, meus óculos e minha bicicleta. Fiquei encolhida no chão, nua, de frente para o rio. Quando olhei, ele estava escapando por uma abertura na grade da ferrovia, com a ajuda de um comparsa.”

Cristiane foi levada para a emergência do hospital São Camilo, onde foram diagnosticadas fraturas no cotovelo esquerdo e perna esquerda.

“Me disseram que aquele buraco que os ladrões fizeram na grade continua aberto. Nunca mais piso ali, fiquei traumatizada”, diz a vítima.

Frequentador rotineiro da ciclovia do rio Pinheiros e líder de um clube de ciclismo, o designer Paulo Zapella, 42, precisou redobrar a atenção nos últimos dias. “Você está sabendo dos assaltos? Têm sido cada vez mais constantes. Em todos os acessos da ciclo tem rolado, todos os dias”, diz Zapella.

Com 22 km de extensão entre o Parque Villa-Lobos (zona oeste) e a avenida Miguel Yunes (zona sul), a ciclovia do rio Pinheiros foi concedida à iniciativa privada em 2020, quando passou a ser administrada pela empresa Farah Service, que reformulou a infraestrutura.

A nova administração instalou sistema de sonorização (para tocar músicas e notícias), bebedouros, áreas de descanso, painéis publicitários, lanchonetes, uma passarela flutuante sobre o rio —conectando a ciclovia ao Parque Bruno Covas— e vigilância nos 12 acessos. Contudo, frequentadores reclamam a falta de um sistema de monitoramento por câmeras.

“Fui assaltada por dois moleques que fugiram com minha bicicleta pelo portão que fica perto da ponte do Jaguaré. Pedi a gravação das câmeras e descobri que não existe gravação, aquilo ali é enfeite. Nunca teve câmera na ciclovia do rio Pinheiros”, diz a educadora física Claudia Cristina do Carmo, 57, moradora do Morumbi (zona sul).

Procurado, o administrador da Ciclovia não respondeu ao Ciclocosmo.

A Secretaria de Segurança Pública divulgou uma nota:

A Polícia Militar tem intensificado o policiamento na região, enquanto a Polícia Civil desenvolve ações estratégicas, com o uso de inteligência, para identificar e prender os criminosos. Entre as ações das forças de segurança, destaca-se a Operação Mobile, que visa combater roubos, furtos e receptação de celulares, principal alvo dessa cadeia ilícita. No ano passado, a 3ª Seccional apreendeu 1.196 aparelhos celulares. Na área mencionada, o número de furtos caiu 2%, enquanto o de veículos recuperados aumentou 29%. Em dezembro, a prisão de um homem pelo 14º DP levou ao esclarecimento de 11 casos. Já neste mês, os policiais conseguiram deter um suspeito por um roubo de celular ocorrido no Parque Villa Lobos.

Nesta terça-feira (28), a Polícia Militar capturou quatro suspeitos e os encaminhou para o 89º Distrito Policial, no Morumbi. Ciclistas assaltados foram informados sobre a possibilidade fazer o reconhecimento. Mesmo com braço e perna engessados, Cristiane foi até a delegacia. “Reconheci um deles. É menor de idade.”


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