Três décadas separam a inauguração da ciclopassarela Jornalista Erika Sallum do seu projeto inicial, homologado por lei em 1995 pela Prefeitura de São Paulo.
Muito importante lembrar que, não fosse a insistência e a convicção da jornalista Renata Falzoni, hoje vereadora, esse projeto estaria até agora no fundo de alguma gaveta e não teria o nome que tem.
A luta de Falzoni pela ciclopassarela começa também em 1995, ano que saiu às ruas com uma câmera na mão, uma ideia na cabeça e uma bicicleta entre as pernas. Foi a primeira mulher a enfrentar pedalando o conservadorismo e a brutalidade da cidade-motor pela causa da bicicleta.
Nascia ali o cicloativismo, movimento social que fisgou Erika Sallum de corpo e alma.
Parte essencial deste movimento, Erika usava de sua habilidade com as palavras, e de seu espaço na Folha e na revista Go Outside, para transmitir mensagens em defesa de ciclistas e pedestres.
Após sua morte, em 14 de agosto de 2021, figuras relevantes do cicloativismo e da política se debruçaram sobre a ideia de imortalizar os valores da Erika na então futura obra.
Foi assim que Falzoni apresentou a ideia a mim, parceiro da Erika, e ao geólogo Sasha Tom Hart, grande nome do cicloativismo. O apoio dos coletivos de cicloativistas de São Paulo foi imediato. Embarcamos todos nessa causa e participamos de incontáveis reuniões com o poder público numa época que a obra ainda era incerta.
Em 2023, o debate chegou à Câmara Municipal graças ao empenho da vereadora Luna Zarattini (PT) e do vereador Ricardo Teixeira (União) que, num esforço apartidário, escreveram o projeto de lei para denominar a nova ponte, com coautoria de George Hatto (MDB) e Marcelo Messias (MDB).
Por fim, o projeto só se concretizou com a disposição da atual gestão municipal —a nona desde que o projeto foi escrito—, e do prefeito Ricardo Nunes (MDB), em erguer a obra.
Durante a cerimônia de inauguração, realizada na manhã desta quinta (30), Nunes destacou que foi ele quem batizou a ponte.
“A Câmara está em recesso e acabei fazendo [a denominação] por decreto. Mas fica a intenção dos vereadores de fazerem essa homenagem”, disse. “Está feita a ciclopassarela com o nome da nossa querida jornalista Erika Sallum”, completou o prefeito.
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