Após o perdão da filha, partiu em paz – 02/02/2025 – Cotidiano

Zenaide Aparecida de Souza Nardi era uma mulher divertida e de personalidade forte. Ao mesmo tempo, era serena e não perdia o controle mesmo nas horas mais complicadas, como quando descobriu um câncer em estágio avançado, no final de 2024. “Nada acontece sem a vontade de Deus. Se isso está acontecendo é porque tem que acontecer”, disse na ocasião, conta a filha Fernanda Nardi, 32.

No começo de novembro, passou a ter mal-estar frequente na região do estômago. Foram várias idas ao pronto-socorro de Herculândia, interior de São Paulo.

Apesar do forte amor, Zenaide e a filha tinham suas diferenças. Mas ao longo das idas e vindas aos médicos, as duas tiveram uma reconexão espiritual.

Fernanda passou alguns dias em um acampamento da Igreja Católica, em Pompeia, cidade próxima. Zenaide foi buscá-la e participou de um almoço.

“No último dia é como se a família estivesse recebendo, acolhendo a gente de novo. A nossa música do acampamento falava que é preciso nascer de novo, voltar para Deus. E ela disse que ali ela se arrepiava toda, ela adorou. Nos abraçamos e foi a coisa mais linda do mundo”, conta Fernanda.

No dia seguinte ao reencontro com a filha, foi internada novamente com dores. O primeiro exame de ultrassom revelou o diagnóstico de câncer. Mesmo com as dores e as incertezas, continuou serena.

Foi hospitalizada em Marília no final de dezembro para ser submetida a uma biópsia, mas piorou rapidamente, sendo levada à UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Só então a médica constatou que o câncer primário era no estômago. O do fígado era metástase.

A patroa de Fernanda disse que sonhou que ela precisava perdoar a mãe.

“Eu disse que já tinha perdoado e que o meu cuidado com ela era prova disso. Mas ela explicou que eu tinha de falar, não só demonstrar”, explicou.

Na manhã da véspera de Natal, Fernanda voltou ao hospital e a mãe já estava alternando o estado de consciência.

“Comecei a passar a mão no coração dela, falei, mãe eu te perdoo de todo o coração. Ela passou o braço em mim e falou que me amava muito. Do jeito torto dela, mas me amava. Passou a mão no meu cabelo, aí eu não consegui mais ter contato visual com ela, porque não queria que ela me visse chorando e fui embora. À noite, ela teve uma parada cardíaca e morreu”, relembra.

Zenaide nasceu em uma família simples em Herculândia. Perdeu o pai cedo. A mãe trabalhava na roça para sustentar ela e o irmão.

Teve Fernanda cedo, aos 19 anos. Depois conheceu o marido, de quem ficou viúva há cinco anos, e foi morar em Marília. Lá, teve os gêmeos Geraldo e Gustavo, 19.

Trabalhava com limpeza, e chegou a ter uma empresa de materiais de construção ao lado do marido. Tinha passado num concurso público para zeladora do velório de Herculândia, em segundo lugar, e aguardava ser convocada.

Zenaide morreu aos 51 anos, em 24 de dezembro de 2024. Deixou três filhos, a mãe, dois netos, um irmão por parte de mãe, e seis por parte de pai.

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