Conheça o projeto do Metrô para a Barra Funda – 05/02/2025 – Cotidiano

O Metrô, a CPTM e a SP Urbanismo estão ainda longe de um consenso para o Plano de Intervenção Urbana (PIU) da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo. O projeto do metropolitano prevê a construção de dois edifícios na face norte do terminal e a ampliação de vias e calçadas para suportar um fluxo de 350 mil passageiros por dia.

A SP Urbanismo é a empresa municipal contratada pela prefeitura para fazer a análise técnica da proposta, conduzir as consultas públicas e articular com outros órgãos.

Após a apresentação da mais recente versão do projeto pelo Metrô, em novembro, a empresa recomendou à gestão Ricardo Nunes (MDB) que avalie a possibilidade de delegar a ela própria “desenvolvimento integral” do PIU Barra Funda, que hoje está com a companhia de transporte, controlada pelo estado.

Um PIU é o estudo técnico necessário para promover o ordenamento e a reestruturação urbana de áreas com potencial de transformação em São Paulo. Ele nasce por iniciativa da própria prefeitura, como é mais comum, ou de Manifestação de Interesse Privado (MIP), que foi o que fizeram Metrô e CPTM, a companhia de trens, na Barra Funda.

Só os terrenos ocupados pelas duas empresas têm cerca de 150 mil m² em área cada vez mais valorizada da cidade, mas que hoje praticamente só gera receitas por serviços de transporte. A ideia é que o PIU crie mecanismos urbanísticos que permitam o desenvolvimento de novas atividades econômicas, aproveitando também que da Barra Funda sairá o trem intercidades até Campinas.

Pelo projeto apresentado por técnicos do Metrô —que pela primeira vez cria um plano urbanístico—, a maior parte das intervenções aconteceria no entorno da rua Aloysio Biondi, ponto de embarque e desembarque no lado norte do terminal.

Hoje com duas faixas, a via seria alargada e teria seu curso alterado, para ser uma longa reta com uma fachada ativa de cerca de 500 metros. Entre a rua e o terminal, onde hoje existe uma construção com rampas e barracas, seria erguido um prédio de até seis pavimentos além do mezanino com hotel, escritórios, comércio e outros serviços.

Outro edifício, ao lado, onde hoje estão um estacionamento e parte da rua Aloysio Biondi, teria até 12 pavimentos com comércio e serviços.

O projeto depende, porém, de um rearranjo de uma complexa situação fundiária que envolve outros entes, como a Unesp (Universidade Estadual Paulista), cujo terreno de 13 mil m² também faz parte do PIU.

Sobre ele recai um dos conflitos entre Metrô e SP Urbanismo. A empresa reclama da falta de uma análise individualizada de restrições legais e da ausência de uma articulação com a Unesp e cobra que o projeto inclua a reabertura da travessa Regina Helena, continuação da rua Federação Paulista de Futebol e que hoje está dentro da área murada da universidade.

“Essa lacuna compromete a eficácia das intervenções planejadas para promover o transporte ativo e melhorar as condições de acessibilidade e integração urbana no território”, reclamou a SP Urbanismo a respeito do projeto.

Esta é a sétima entrega (ou “produto”) do Metrô desde 2022, de um total de 15 em um projeto que deve tomar pelo menos mais um ano até se transformar em projeto de lei ou decreto para implementação do plano.

A SP Urbanismo tem apontado diversas lacunas, como a falta de estimativas detalhadas dos custos de implantação das intervenções públicas previstas no PIU, como ciclovias, calçadas, praças e infraestrutura de drenagem e arborização, e o custo de manutenção disso.

A empresa também reclama da ausência de garantia de que infraestrutura pública será dimensionada para mitigar os efeitos do aumento de usuários provenientes das novas linhas de trem e metrô. “Essas melhorias devem incluir redes viárias que suportem fluxos adicionais, evitando sobrecarga nas vias e espaços públicos existentes.”

Hoje a Barra Funda tem quatro terminais de ônibus (municipal, intermunicipal, rodoviário e turístico) e recebe quatro linhas ferroviárias e de metrô (7-rubi, 13-jade, 8-diamante e 3-vermelha). Está prevista a inclusão das operações da linha ferroviária 11-coral, do Trem Intermetropolitano e do Expresso São Paulo-Campinas.

Procurada pela Folha, a SP Urbanismo disse que não busca ser a responsável exclusiva pela execução da MIP, mas garantir que o projeto esteja alinhado com a política urbana do município.

“A atuação conjunta entre Prefeitura e Estado é essencial para aprimorar o projeto, sem transferir responsabilidades. A SP Urbanismo reconhece as valiosas contribuições das empresas Metrô e da CPTM para a MIP e coopera ativamente com os órgãos estaduais no desenvolvimento do PIU Polo Intermodal Barra Funda”, comentou.

Já o Metrô afirmou que “todos os apontamentos da SP Urbanismo são bem-vindos e fundamentais para aprimorar o projeto que está sendo estruturado, permitindo a adequação às diretrizes necessárias para que a empresa municipal prossiga com a proposição da lei que vai possibilitar as intervenções no local.”

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