Mesmo em uma quinta-feira (6) chuvosa em Salvador, guias turísticos seguem incluindo a Igreja e Convento de São Francisco, no centro histórico, no roteiro, e apresentando o patrimônio histórico a visitantes estrangeiros pelo lado de fora.
Eles têm evitado citar o acidente ocorrido no dia anterior, quando o teto desabou, deixando uma pessoa morta e cinco feridas.
Nos arredores da histórica igreja, no bairro do Pelourinho, turistas se aproximam com cuidado do templo e fazem fotos, atrás da faixa amarela de interdição colocada pelo Departamento de Polícia Técnica da Bahia.
“A gente não está tocando nesse assunto para eles. Não tem por que falar disso agora. A gente não sabe bem o que aconteceu e isso pode causar pânico, fazer com que eles tenham medo de visitar as outras igrejas”, disse um guia, que pediu para não ter o nome divulgado.
A turista paulista Giulia Righetto, de 26 anos de idade, estava em seu segundo dia em Salvador e morreu no acidente.
Turistas brasileiros, independentes de guias, disseram à reportagem que pretendiam visitar a igreja e lamentaram a tragédia de quarta.
“Ontem, a gente viria para cá, mas decidiu ir para a praia, conhecer Guarajuba [litoral norte da Bahia]. E deixamos para vir aqui no Pelourinho hoje. De noite, recebemos a notícia que o teto da igreja havia desabado e ficamos bastante assustados, porque nossa programação era vir aqui conhecer as igrejas. Que bom que não deu certo. Talvez pelo destino ou por Deus, a gente não veio”, disse Tailane, 21 anos, turista de Barreiras, oeste da Bahia.
O casal paulista formado por Carolina, 38, e Marco Antônio, 34, também apareceu para visitar a “igreja de ouro” e foi surpreendido pela notícia do acidente.
“Eu já vim a Salvador, mas nunca tinha entrado na ‘igreja de ouro’. Então, a gente estava planejando vir. Eu queria muito entrar para conhecer a igreja”, disse Carolina, que não descartou conhecer outros templos na capital baiana.
O templo, além de tombado pelo Iphan, é considerada também uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo, destacando-se por sua fachada barroca e por seu interior dividido entre azulejos portugueses e peças banhadas a ouro.
Marco Antônio chegou a dizer que o plano era visitar a Igreja de São Francisco na tarde de quarta, mas acabou deixando para passear no Centro Histórico de Salvador apenas nesta quinta.
“A gente vinha à tarde, mas a nossa pousada não liberou. Agora está rolando polícia, está tudo fechado.”
