Quando Gilberto Sobral recebeu o título de cidadão olindense, em 2015, muitos se surpreenderam. Mas, não se questionava sua total dedicação ao município, apenas estranhava saber que ele não era nascido na cidade onde cresceu e ficou conhecido.
A cidade histórica de Pernambuco era sua paixão. Mesmo quando se mudou para Recife, sua rotina era toda na vizinha, do supermercado à vida noturna. “Olinda era parte da vida dele e Giba sem Olinda não existia”, afirma o companheiro, Álvaro Lopes, 29.
Gilberto Sobral Magalhães nasceu no Recife, em 1967, e foi criado no Bairro Novo de Olinda, junto aos quatro irmãos. Durante a infância, já vivia em meio a lideranças locais em sua casa. Iniciou a militância em grêmios estudantis, onde era responsável por eventos.
Formou-se pedagogo e atuou em um colégio particular de Olinda. Educou mais de 7.000 alunos em uma década de dedicação ao ensino e criou um jornal estudantil.
Após a carreira de educador, Gilberto exerceu diversos cargos municipais e estaduais. Começou como chefe de gabinete da prefeitura, em 1989. Foi também assessor especial e diretor de turismo. E como secretário de Patrimônio e Cultura, nos anos 2017, 2018 e 2022, coordenou dois Carnavais.
Também passou pela gestão pública de Recife, Sairé e Camaragibe. Foi assessor técnico na Assembleia Legislativa do estado e assistente parlamentar no Congresso Nacional. Em julho passado, assumiu o cargo de superintendente do Iphan-PE.
Na comunicação, era um grande incentivador de rádios comunitárias e fundou o jornal O Farol. Em 2008, passou a ser comentarista do bloco Galo da Madrugada na TV Nova Nordeste. Durante oito anos, apresentou no mesmo canal o programa Papo de Boteco. Por dois anos, foi o diretor da emissora e responsável pela sua filiação à TV Cultura.
Giba desde pequeno era encantado pelo Carnaval. Com o passar dos anos, a folia se tornou trabalho. Mas gostava de atuar no meio do povo, em bailes ou ruas. Acreditava que o Carnaval era um ato de resistência.
Ele recebeu o título “História Viva do Carnaval de Olinda 2025” e será homenageado no Carnaval deste ano.
Católico devoto de São Bento, frequentava o mosteiro em Olinda. Chegou a cogitar ser padre após a morte do pai, mas desistiu para apoiar a mãe. Também se aproximava de outras religiões e recebeu uma homenagem dos povos do candomblé. Dizia que Deus é presente onde existe amor.
Nos últimos anos, se uniu a organizações LGBTQIA+ e atuava principalmente em projetos para a população idosa.
Morreu no dia 19 de dezembro, aos 57 anos, vítima de uma infecção generalizada em decorrência de uma hérnia encarcerada. Deixa o companheiro e três irmãos.
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