A folia do pré-carnaval começou às 12h na avenida Henrique Schaumann, na zona oeste de São Paulo. Nos auto-falantes, o som era uma mistura de funk e techno, algo que não era comum para os adeptos mais antigos do bloco Casa Comigo.
Tratava-se uma apresentação dos DJs do Baile da DZ7, o mais tradicional de Paraisópolis, a maior favela da capital, na zona sul. O funk da periferia dominou as caixas de som em Pinheiros, no centro expandido, por cerca de 20 minutos.
Em seguida, soaram os trombones da banda oficial do bloco Casa Comigo, com sua versão carnavalesca da “Marcha Nupcial” de Felix Medelsohn, escrita em 1842. O setlist seguiu com hits de axé e algumas marchinhas escritas pelos próprios organizadores, até encontrar o funk novamente com “Mina de Vermelho”, de MC Daleste.
O bloco, que existe há 13 anos em São Paulo, é cercado por megaestrutura, com dois carros de som, duas ambulâncias, quatro bombeiros, 30 seguranças, 230 funcionários para segurar o cordão e posto médico. São 600 empregos gerados diretamente pelo bloco, segundo a organização, sem contar as centenas de vendedores ambulantes.
A folia começou como uma reunião de amigos da vizinhança na Vila Beatriz, em Alto de Pinheiros, na zona oeste. “Nos primeiros anos eram mais os amigos, que chamavam os amigos, que chamavam os amigos. Até que no terceiro ano explodiu e virou essa coisa maravilhosa”, diz Malu Alonso, 42, diretora de produção do Casa Comigo.
Num calor de 28ºC, a área reservada dentro do cordão respirava a fumaça do combustível dos caminhões de som.
Por uma hora e meia, a distribuição gratuita de água potável pela Prefeitura foi tímida. No momento de sol mais forte, a reportagem viu apenas um ponto de distribuição, justamente no lado com menor concentração de foliões.
Por volta das 13h30, com a avenida já sob nuvens carregadas, funcionários descarregavam engradados de água e sacos de gelo para reforçar a distribuição. No entanto, ela se mantinha apenas dentro do cordão de isolamento. A reportagem teve dificuldades de encontrar os pontos de distribuição de água a partir da orientação dos funcionários da prefeitura.