Dedicou a vida à educação como professora e diretora – 24/02/2025 – Cotidiano

Arlette de Oliveira Fidalgo Saito era uma mulher pequena, com seu 1,50 m de estatura, mas gigante quando defendia suas opiniões e a educação.

Filha do português Manuel Fidalgo, que veio para o Brasil aos 23 anos, e da paulista Adelaide de Araújo, Arlette nasceu no dia 25 de agosto de 1926 na cidade de Cruzeiro, no Vale do Paraíba (SP). Era a do meio e a única mulher de cinco irmãos.

Nas décadas de 1930 e 1940, cursou a escola normal e se formou professora. Ela passou em um concurso para lecionar na escola primária do estado. Para assumir o cargo, teve de sair de casa aos 18 anos, mesmo enfrentando a oposição do pai, que era muito rígido.

Por dez anos ela trabalhou em algumas cidades do interior paulista, como Bananal e Votuporanga. Depois, foi diretora de uma escola em Cruzeiro, de 1961 a 1963, antes de assumir a direção da Escola Professor Jorge Rahme, no bairro do Taboão, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Foram 32 anos no cargo até completar 70 anos, quando foi obrigada a se aposentar compulsoriamente. Se fosse por ela, não teria parado.

Em tantos anos na função, ela ganhou o respeito de gerações de alunos, que a viam como uma diretora rígida e temida, mas também uma amante da educação. Em seu velório, um ex-estudante do colégio lembrou que a correria do intervalo sempre parava quando ela passava.

Aos 30 anos, precisou desafiar o pai mais uma vez para se casar com o descendente de japoneses Obedio Saito.

O casal não se rendeu e se casou em 1956. Tiveram quatro filhos, Paulo, Alhis, Aliki e José, que morreu ainda bebê.

“Naquela época, após a Segunda Guerra Mundial, os japoneses eram malvistos. Por isso, havia muito preconceito e, além do pai dela, a família dele também não aceitava a união”, conta a filha Alhis.

Como boa professora, Arlette alfabetizou os filhos, em casa. Quando entraram na escola, já sabiam ler, escrever e fazer contas básicas. Com a chegada dos netos, ela estava sempre presente, conversando e ensinando. Tanto que fazia questão de os chamar de filhos.

Após a morte do marido, em 2005, Arlette foi morar sozinha no bairro do Paraíso, em São Paulo, dedicando-se à família e aos seus hobbies como artesã, fazendo bordados e tapetes, que eram dados como presentes aos familiares.

Outra de suas paixões era viajar, principalmente, para visitar os familiares em Portugal. Em outra ocasião, ela ficou um ano no país europeu acompanhando o neto Alex Saito Ramalho, que fazia um intercâmbio.

“Ela era uma pequena grande mulher e uma figura amorosa como avó. Gostava de cozinhar, conversar e passar o tempo. Era muito apaixonada pela educação, principalmente do ensino público”, diz Alex.

“A figura dela era muito contraditória porque, num primeiro olhar, era pequena, mignon, de 1,50 m de altura, muito frágil e delicada. Mas, na realidade, era brava e rigorosa. Era o oposto do que aparentava”, lembra Alhis. “Era a mãe que eu precisava ter. Ela dizia que eu precisava de uma profissão. Dizia também que não ia morrer, mas que ia ficar para sementinha.”

Arlette morreu aos 98 anos no dia 2 de fevereiro, em casa, de causas naturais. Deixa os filhos Paulo, Alhis e Aliki, sete netos e uma bisneta.

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