O estudante Igor Melo de Carvalho, 32, que tem um canal na internet sobre o Botafogo, foi baleado na madrugada de segunda-feira (24) no viaduto João 23, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro, quando estava na garupa de uma moto de aplicativo.
O autor do disparo é um policial militar reformado, que teria atirado após sua esposa afirmar que um dos ocupantes da moto seria o responsável por um assalto que ela havia sofrido, de acordo com policiais civis que apuram o caso. Ele não teve o nome divulgado.
Familiares de Igor afirmam que ele está sendo acusado de um assalto que não cometeu. Com perfuração no rim e baço, seu estado de saúde é grave, segundo a assessoria do Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde ele está internado.
Igor tem o canal Informe Botafogo, cursa publicidade e também trabalha como inspetor de faculdade e garçom. Segundo familiares, ele saía de um turno como garçom, na madrugada de segunda (24), quando chamou uma moto por aplicativo.
No trajeto, um veículo passou a seguir a motocicleta. Minutos depois, ele disse a familiares que ouviu disparos e caiu da moto. Ferido, conseguiu ligar para colegas de trabalho, que o levaram ao hospital.
Segundo a mulher de Igor, Marina Moura, ele foi preso e está sob custódia da polícia no hospital. “Ele quer ser jornalista esportivo, trabalha como inspetor da faculdade e complementa a renda como garçom e ambulante no Carnaval. O que fizeram com meu marido é racismo, é uma injustiça, a bala sempre atinge um corpo preto”, disse.
Ela cedeu imagens que mostram o momento em que ele embarca na moto por volta de 1h30.
A CDDHC (Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania), da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), acompanha o caso.
“É uma vergonha que um trabalhador negro, voltando para casa, seja brutalmente atacado com um tiro nas costas por quem deveria proteger a população. Esse caso escancara o racismo que permeia nossas instituições e demonstra o despreparo de agentes que fazem da cor da pele um critério de suspeição e execução”, disse em nota a deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), titular da comissão.
Em nota, a Polícia Civil disse que “o policial militar reformado e a esposa foram ouvidos. O condutor da motocicleta se recusou a prestar depoimento, optando por só se manifestar em juízo”.
“Tendo em vista a internação e o estado de saúde do outro homem, ele não pôde ser ouvido naquela oportunidade. Uma equipe da 22ª DP (Penha) vai ao hospital, nesta terça-feira (25), para colher seu depoimento, a fim de apurar o ocorrido, e realiza diligências para buscar imagens de câmeras de segurança”, acrescentou.