Thiago Kalu estava sempre cercado pela música e era figura conhecida nos eventos culturais de Salvador (BA). Fez parte de várias bandas, como Clube da Malandragem, Nossos Baianos e Pirigulino Babilake, passeando por MPB, samba e forró.
À frente da banda Forró da Gota, era cantor, guitarrista e compositor, além de juntar influências urbanas e tradição nordestina. Também atuava nos bastidores, com produção executiva e comunicação.
“Era um cara muito focado. Se ele estava tocando violão, ele queria tocar melhor. Se estava compondo, queria compor a melhor música possível. Era sempre perfeccionista e exigia isso das pessoas”, diz o músico Alexandre Espinheira, 52.
Algumas de suas composições, sobre amor e complexidades da vida, estão em seu único álbum solo, “Amaralina” (2013). No projeto, uniu ritmos nordestinos e baianos, como o ijexá e o xote, e referências como o rock e o reggae.
Kalu nasceu Thiago Batista de Souza, em 1985. Desde a adolescência, tocava violão. Cursou o ensino médio em um colégio com formação técnica em música. Depois, formou-se em jornalismo na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 2005.
Os amigos dizem que ele sempre foi extremamente criativo e expansivo, daquelas pessoas que conhecem todo mundo. Criava bordões, como responder tudo com “yes”, e os repetia tanto que quem convivia acaba falando também.
O nome artístico foi inspirado no personagem Kala Kalú, da novela “Uga Uga”, da Globo.
Sua rotina era de muito ensaio. Quando não estava tocando, estava compondo. Também era adepto de atividades físicas: praticou corrida, musculação e pedalava.
Era um paizão para Luno, seu único filho, com quem dividia a paixão por jogar videogame e até caçava pokémon.
Nas redes sociais, compartilhava poesias e pequenas crônicas, algumas narrando histórias com o filho. Ilustrou algumas, como a vez que o pequeno lhe disse que “a vida é um cogumelo verde” enquanto jogavam Super Mario.
No final de outubro, o músico sofreu um AVC (acidente vascular cerebral), do qual se recuperava com fisioterapia.
Como os acasos do destino que registrava em crônicas, Thiago Kalu morreu no dia em que se celebra o Dia Nacional do Forró, 13 de dezembro. Foi vítima de um mal súbito, aos 39 anos, em casa. E foi enterrado ao som de canções nordestinas.
Deixa a noiva, Luzia, e o filho, Luno, 7. Também fica a banda Forró da Gota, que voltou aos palcos em fevereiro.
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