Mulher madura ainda é só fetiche no imaginário masculino – 25/02/2025 – Mariliz Pereira Jorge

A categoria mais acessada no PornHub em 2024 foi MILF (sigla em inglês para “mães com quem eu gostaria de transar”). Ao saber do resultado, um amigo anunciou que acabou a “choradeira” de que as mulheres maduras ficam invisíveis aos olhos da sociedade.

Chequei os números e descobri que o termo chegou ao primeiro lugar em 2007 e nunca mais deixou o pódio da plataforma de conteúdo adulto. Pela lógica, idade não condenaria as que passam dos 40 ao ostracismo social, profissional e, principalmente, sexual.

A realidade e o ranking do PornHub mostram que MILF é só parte do imaginário erótico masculino, assim como sexo anal, lésbico ou hentai, um tipo de mangá pornográfico japonês. Transar com mulheres maduras é algo tão exótico que só nos anos 1990 surgiu um nome para categorizar as “mães” que fugiam à regra. Apesar de consideradas velhas, veja só, ainda são bonitas, gostosas, sensuais e, portanto, merecedoras do desejo masculino. Jennifer Coolidge ajudou a popularizar o termo no papel da mãe que seduz o amigo do filho no filme “American Pie” (1999).

Na terceira década do século 21, o interesse por maduras poderia ser apontado como efeito das muitas mudanças na sociedade que apenas começou a voltar o olhar para essa mulher com outra perspectiva, mas não dá para descartar que o principal motivo ainda encontra explicação em Freud. O tesão registrado no site talvez seja apenas pulsão incestuosa, mera substituição do amor materno que esse bando de marmanjo teve na infância.

Gostaria de acreditar que o topo do ranking pornográfico é reflexo do debate sobre etarismo, do aumento da longevidade, da reinvenção da menopausa, da autoestima feminina, que contribuem para questionar o carimbo de velha que as mulheres recebem ao chegar à maturidade, mas desconfio que o sexo com MILFs é apenas mais um entre tantos fetiches sexuais e se junta à “madrasta”, “esposa”, “bunda grande” e algumas bizarrices que surgem neste universo. Então, lamento, mas a “choradeira” de desafiar velhos valores, enfrentar etarismo e machismo vai continuar.


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