É enganoso que a Justiça tenha determinado a devolução de armas de grosso calibre para membros de uma organização criminosa. A desinformação viralizou nas redes sociais a partir de um vídeo tirado de contexto. Os homens que aparecem na gravação são, na verdade, produtores de conteúdo digital, e os equipamentos são réplicas de armas de fogo do tipo airsoft, um jogo em que os participantes simulam operações policiais.
O vídeo, como verificado pelo Comprova, foi gravado em 10 de fevereiro deste ano, em Feira de Santana, na Bahia. Nele, os homens celebram ter reavido a posse de suas armas de airsoft —elas haviam sido apreendidas pela polícia. “Estamos com nossos equipamentos novamente, graças a Deus. Saindo aqui agora da delegacia da Polícia Civil. Todas as armas passaram por perícia. Estamos de volta com nossos equipamentos”, diz um deles.
Após a repercussão do vídeo de maneira enganosa, eles se pronunciaram. Um deles, que se apresenta nas redes sociais como Jean Youtuber, disse em um post que está sendo “acusado de tráfico de drogas” e esclareceu que as armas são para a prática de airsoft. O outro, Erick Menezes, se desculpou por ter gravado dentro da delegacia e disse que a intenção do vídeo era mostrar que os materiais apreendidos não eram armas de fogo.
O advogado dos dois, Bender Nascimento, afirmou que iniciou tratativas jurídicas para que as postagens fraudulentas sejam retiradas do ar.
A Polícia Civil da Bahia disse que nove réplicas foram apreendidas, passaram por perícia no Departamento de Polícia Técnica e, depois, foram devolvidas aos donos.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
Por que investigamos?
O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99581-6340 ou pelo email [email protected].
Leia a verificação completa no site do Comprova.
A investigação desse conteúdo foi feita pela O Popular e publicada em 20 de fevereiro de 2025 pelo Comprova, coalizão que reúne 42 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Folha, Terra, Agência Tatu, Tribuna do Norte e Estadão.
