A Unidos de Padre Miguel, escola de samba rebaixada no Grupo Especial do Carnaval de 2025, no Rio de Janeiro, vai entrar com recurso na Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) para rever o resultado.
Uma reunião entre a diretoria da liga e as escolas acontece nesta sexta-feira (7).
A Unidos de Padre Miguel, que voltou ao Grupo Especial após 53 anos, foi a última colocada e única rebaixada. A escola terminou com 266,8 pontos. A Mocidade Independente, 11ª colocada, teve 267,9 pontos.
A Acadêmicos de Niterói foi a campeã da Série Ouro e vai desfilar no Grupo Especial em 2026.
A Liesa divulgou nesta quinta-feira (6) as justificativas dos jurados para as notas. A Unidos de Padre Miguel afirmou que, durante a revisão das justificativas, identificou “inconsistências graves, incluindo penalizações em quesitos específicos devido a uma falha técnica no caminhão de som”.
“Um problema alheio à responsabilidade da Unidos de Padre Miguel e que, portanto, não deveria ter resultado em perda de pontos”, disse a escola, em nota.
A UPM, como é chamada, perdeu 0,6 em harmonia, 0,3 em bateria e 0,3 em samba-enredo, quesitos que poderiam envolver possíveis falhas no som da avenida.
A harmonia é o entrosamento entre o ritmo e o canto dos componentes; na bateria, julga-se a qualidade e a conjugação do som; e no samba-enredo, além da letra e melodia, são avaliadas possíveis falhas de acentuação, dicção e cacofonias.
Em samba-enredo, julgadores identificaram “diminuição da duração” de notas musicais, “entrosamento imperfeito entre versos e desenhos melódicos” e cacofonias. Nas justificativas dos jurados de harmonia, também houve críticas ao entrosamento e à afinação do canto dos componentes.
“A agremiação reforça que seu objetivo não é prejudicar qualquer outra escola, mas garantir uma avaliação justa e transparente”, disse a escola.
Procurada, a diretoria da Liesa não respondeu sobre possíveis falhas no carro de som.
O regulamento da liga prevê que o recurso, acompanhado das razões e documentos pertinentes, deve ser apresentado no prazo de 48 horas a partir da apuração. Recursos desacompanhados de provas e considerados intempestivos, na visão da Liesa, serão indeferidos.
Se deferidos, os recursos serão avaliados pelo conselho deliberativo e pela presidência da liga no prazo de dez dias.
A Grande Rio, vice-campeã por diferença de um décimo, disse que também vai questionar em plenária o que chamou de inconsistências.
O mapa das notas, divulgado pela liga após a apuração, mostra a Grande Rio com três notas 10 em bateria e uma nota 9,9. Durante a apuração, contudo, ela recebeu duas notas 10 e dois 9,9 no quesito.
Como a menor nota é sempre descartada, a Grande Rio perdeu um décimo em bateria, o suficiente para terminar em desvantagem. A Beija-Flor de Nilópolis foi a campeã.
O caderno de justificativa dos julgadores mostra que, de fato, foram duas notas 9,9. O jurado Ary Jayme Cohen pontuou que a escola teve imprecisão em um dos instrumentos. A jurada Geiza Carvalho justificou que o curimbó, um dos instrumentos usados na bateria, soou baixíssimo e que “é importante adequar melhor os instrumentos inseridos no arranjo”.