A SLC Agrícola anunciou a aquisição da Sierentz – outra produtora agrícola – por US$ 135 milhões (cerca de R$ 800 milhões), aprofundando sua estratégia asset light e chegando a dois terços de terras arrendadas.
O valor pago é mais ou menos o capital de giro da Sierentz, menos sua dívida líquida.
A transação adiciona três fazendas arrendadas ao portfólio da SLC e cresce sua área plantada em 13%, ou cerca de 100 mil hectares plantados (ou 63 mil hectares físicos) — acima dos 65 mil que o mercado esperava para o ano e dos 35 mil de guidance da empresa.
A ação sobe cerca de 3% após o anúncio, a R$ 19,22. Nos últimos dias, o papel performou bem diante da possível guerra tarifária entre Estados Unidos e China, o que adicionaria um prêmio à soja brasileira.
“Melhoramos o nosso mix geográfico, reduzimos os riscos climáticos, e chegamos ao patamar de terras arrendadas que planejávamos,” o CEO Aurélio Pavinato disse num call com analistas.
Como pretende continuar arrendando, a SLC não descarta voltar a comprar terras próprias no curto ou médio prazo.
“Temos agora 26 fazendas que são módulos independentes. Podemos adicionar mais gerências regionais para continuar crescendo,” disse o CEO.
A Sierentz — cuja operação é 100% em áreas arrendadas — produz soja, milho e outros produtos agrícolas, e cria gado.
Com o negócio, a SLC comprou os arrendamentos de 5 fazendas: 68 mil hectares no Maranhão, 18 mil no Piauí e 10 mil no Pará.
Duas das três fazendas no Maranhão e a do Pará ficarão com a SLC, enquanto a outra fazenda no Maranhão e uma do Piauí serão repassadas à Terrus por R$ 191,2 milhões – mais ou menos o capital de giro.
O plano da SLC é manter o plantio de soja e milho inicialmente, e implementar a cultura do algodão a partir do terceiro ano. A empresa não abriu o capex necessário.
“São áreas corrigidas, vamos iniciar a operação na próxima safra esperando produtividade em linha com a nossa. A métrica de retorno é CDI + 5%, e esperamos que as terras estejam dentro do padrão quando começarmos a produzir algodão,” disse Pavinato.
O valor de US$ 135 milhões, que inclui máquinas e equipamentos, será pago 60% no fechamento da aquisição, 20% em 2026 e 20% em 2027.
“Em termos de dívida, a ideia é não passar de 2x EBITDA. Quando baixa de 1x, temos que aproveitar – e foi o que fizemos. A alavancagem vai crescer agora, mas dentro do planejado,” disse o CFO Ivo Brum.
Os contratos de arrendamento adquiridos hoje possuem um custo médio anual de 9,3 sacas de soja por hectare, com prazo médio de 13 anos.
Analistas afirmam que o valor está abaixo do praticado pelo mercado e da média da SLC, de 14 sacas, mas que o preço da aquisição ajuda a explicar a dinâmica.
“A SLC está aproveitando o período desafiador do agronegócio brasileiro para investir mais e crescer em área plantada. Vemos a aquisição como positiva,” disse o analista do Citi, Gabriel Barra.
Em outubro de 2024, a empresa já havia desembolsado R$ 520 milhões para comprar a participação minoritária que a Valiance tinha na sua subsidiária SLC LandCo.
O Citi tem recomendação de compra para SLC e preço-alvo de R$ 21, um potencial de valorização de 12,4% em relação ao fechamento de ontem.