A casa de Mona Mirella era ponto de encontro para quem chegava à comunidade Lagoa do Meio, na zona rural de Juazeiro (BA). A técnica em agropecuária era conhecida por ser acolhedora e estar sempre sorridente. Líder comunitária, dedicava-se à defesa das comunidades tradicionais e trabalhou muitos anos em programas de assistência a agricultores familiares.
De moto, rodava várias comunidades fazendo visitas. Cruzava diversos municípios do sertão da Bahia, como Sento Sé, Sobradinho, Juazeiro, Casa Nova e Jaguarari. Nos acompanhamentos, ensinava sobre a convivência com o semiárido. Nos últimos anos, atuava em ações de recaatingamento.
Além de ensinar, também vivia na prática a relação com a terra. Separou uma área no lote da família onde fez sua própria plantação de espécies nativas da caatinga. “Quando se tratava de campo, ela vislumbrava, ficava feliz alí”, afirma a irmã Jousivane Santos, 45.
Mona Mirella dos Santos Silva foi a segunda filha de Lourival e Bel. Nasceu em Juazeiro no dia 24 de maio de 1986 e cresceu na comunidade que fica no distrito de Massaroca. Sempre teve muita energia e foi uma criança ativa. Como gostava do campo e dos animais, decidiu fazer o curso técnico na Escola Agrotécnica de Juazeiro.
Trabalhou quase toda a vida no Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), organização não governamental que realiza projetos no semiárido.
Tímida e bem pacata, Mona conquistava todos com sua alegria. Brincalhona, estava sempre soltando piadas e dava apelidos aos amigos —cada um ganhava uma forma carinhosa de ser chamado. Eles a chamavam de onça, por ser uma mulher forte e destemida.
Era uma onça também como mãe. Criava Ylla Sophia, sua única filha, com uma relação leve e respeitosa.
Mona também se dedicava às lutas sociais, tornando-se uma liderança comunitária que buscava por melhorias nas comunidades. Nas últimas eleições municipais, apoiou a campanha do Coletivo Enxame, indo para carreatas e reuniões. Saía nas ruas conversando com as pessoas e explicando a importância do voto consciente. “Ela se dedicava de corpo e alma aos movimentos sociais e à política”, diz a irmã.
Era uma apaixonada pelas culturas populares do sertão, principalmente as rodas de São Gonçalo. Torcia para o time do São Paulo e gostava de reunir os amigos, seja para um bom churrasco ou algumas partidas de dominó. O importante para ela era formar a roda e se encontrar.
Hipertensa, há dois anos ela teve um AVC (acidente vascular cerebral), que deixou sequelas nas pernas e nos rins. Morreu no dia 4 de fevereiro, aos 38 anos, após 48 dias internada por complicações de uma doença autoimune, a granulomatose de Wegner.
Deixa o pai, Lourival, 74, a mãe, Bel, 71, a irmã, Jousivane, 45, e a filha, Ylla Sophia, 15.
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