Irmã vicentina comandou colégio paulista por 20 anos – 09/03/2025 – Cotidiano

O jeito sério com que defendia seus valores poderia camuflar o semblante de irmã Alice Antunes. Era uma uma pessoa justa, que pregava solidariedade, respeito e honestidade.

Nascida na cidade de São Paulo no início do século passado, de uma família com quatro filhas, ainda jovem entrou para a congregação de irmãs vicentinas, onde ficou por mais de sete décadas.

Morou na capital até ser transferida para comandar o colégio Francisco Telles, em Jundiaí (SP). Permaneceu na direção da tradicional escola católica por cerca de 20 anos.

Era firme, disciplinadora, mas justa e carinhosa. Sabia dosar suas virtudes. Quando precisava chamar um aluno em sua sala, ele já sabia que a diretora não iria facilitar. Explicava o que havia acontecido, fazia as colocações de ordem e disciplina, mas depois acolhia. Falava baixinho com as crianças, por isso era querida e respeitada. Costuma aconselhar.

Formada em magistério, Miria Valesca Alves Accioly havia acabado de se mudar do Rio de Janeiro para a cidade do interior paulista e foi até a porta do colégio em busca de emprego. Esperou a saída da irmã para falar diretamente com quem comandava a escola.

“Disse que precisava dar estudo para os meus filhos. Ela abriu um sorriso e afirmou que iria guardar o meu currículo. Alguns meses depois me chamou para uma vaga de auxiliar administrativo”, conta.

Além do emprego, a professora (como a diretora da escola era chamada pelos alunos) conseguiu bolsa de estudos para os dois filhos de Miria, de 8 e 13 anos à época.

Mais do que a oportunidade na cidade nova, Miria viu na chefe uma confidente. “Fui ganhando sua confiança e trabalhei em várias áreas ali”, afirma. “Um dia ela falou que a gente escolhe a profissão, e em outras é ela que nos escolhes, isso para me dizer que eu havia nascido professora.”

Apaixonada pela educação, era generosa e não deixava um pai ou mãe com dificuldade financeira que batesse à sua porta sem uma solução para uma solução para pagar a mensalidade escolar.

Gostava de ler e era sempre vista com jornal embaixo do braço. Uma de suas irmãs morava na Europa e a comunicação entre as duas era por carta.

De repente, foi transferida para a editora da congregação. Voltou para São Paulo e deixou um vazio no tradicional colégio do centro de Jundiaí. “Tem muita gente boa com caráter formado pela irmã Alice”, diz Miria.

Já na velhice, retornou para a cidade do interior paulista e morou até o fim da vida no Lar Nossa Senhora das Graças. Morreu no último dia 2 de março, aos 99 anos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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