PCC: Suspeitos de matar Vinícius Gritzbach são indiciados – 11/03/2025 – Cotidiano

A força-tarefa da SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo responsável por investigar o assassinato do corretor Antônio Vinícius Gritzbach, alvo de tiros em novembro de 2024 no aeroporto de Guarulhos, indiciou nesta terça (11) seis pessoas, incluindo três policiais militares.

O cabo Denis Antonio Martins e o soldado Ruan Silva Rodrigues suspeitos de atirar no empresário. Já o tenente Fernando Genauro da Silva —que trabalhava na 1ª Companhia do 23º Batalhão da Polícia Militar, na capital paulista— é suspeito de dirigir o carro em que estavam os executores do crime.

As defesas dos PMs negam que eles tenham participado do crime.

Além dos agentes, já presos, outros três homens foram indiciados e seguem foragidos. São eles Emílio Carlos Gongorra Castilho, apontado como o mandante do homicídio, Diego do Amaral Coelho, que seria seu ajudante, e Kauê Amaral Coelho, sobrinho de Diego e suposto olheiro do grupo.

Castilho, também conhecido como Cigarreira, é um dos citados na delação que Gritzbach fechou com o Ministério Público. A investigação afirma que ele é ligado ao PCC e é suspeito de ter contratado policiais para assassinar o delator. Em fevereiro, ele foi alvo de uma operação da polícia, mas não foi encontrado. A mulher e um filho dele foram levados para prestar esclarecimentos.

Segundo a SSP, o inquérito policial sobre o homicídio será relatado e encaminhado ao Ministério Público e ao Judiciário ainda nesta semana. Paralelamente, as investigações terão desdobramentos com a abertura de um novo inquérito para apurar a participação de outros envolvidos, não diretamente no homicídio, mas na prestação de auxílio material e pessoal aos criminosos.

Gritizbach foi assassinado em 8 de novembro em uma área de desembarque do aeroporto internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo.

Era um homem jurado de morte pelo crime. Ele chegou a ser preso por suspeita de envolvimento na morte de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e do motorista dele, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue em 2021, mas negava os crimes.

O corretor de imóveis teria desaparecido com US$ 100 milhões (R$ 547 milhões) repassados por Cara Preta para que Gritzbach investisse o valor em criptomoedas. O dinheiro, no entanto, sumiu, e Cara Preta foi morto.

Tanto Castilho quanto Diego Amaral Coelho teriam participado do tribunal do crime de Gritzbach, em que o delator do PCC teve de dar explicações sobre o suposto sumiço de milhões de reais. O delator do PCC teria escapado da morte ao convencer o grupo de sua inocência.

A absolvição de Gritzbach no tribunal do crime teria irritado a cúpula do PCC e provocado a morte de dois integrantes da facção criminosa responsáveis pela decisão, Rafael Maeda e Claudio Marcos de Almeida.

Segundo a investigação, Castilho e Coelho teriam sido os responsáveis pela contratação dos policiais militares acusados de serem os autores do assassinato do delator.

Em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, em outubro do ano passado, Gritzbach teria acusado Castilho de ser o articulador do plano de apontá-lo como o mandante da morte de Cara Preta, assassinado no fim de dezembro de 2021 quando estava em um carro no bairro do Tatuapé, na zona leste de São Paulo.

“O Cigarreira é o principal articulador por vingança da morte do amigo Anselmo, que o auxiliou a crescer no mundo do crime. E também por por ter perdido dinheiro e imóveis para Vinícius, que também poderia citar seu nome em possível delação que podia fazer”, disse o delegado Rogério Barbosa em entrevista após a operação de fevereiro.

Castilho, segundo a polícia, negociava com traficantes cúpula do Comando Vermelho, que teriam dado apoio na fuga e esconderijo no complexo da Penha a Kauê —que, como olheiro no aeroporto, teria indicando o alvo aos atiradores.

Outra frente de investigação

Em outra frente de apuração, a Justiça de São Paulo aceitou em fevereiro uma denúncia e tornou réus 12 investigados, sendo oito policiais, por suspeita de ligação com o PCC. Eles foram acusados pelo Ministério Público de lavagem de dinheiro e crimes contra a administração pública, como peculato e corrupção passiva.

Parte deles foi alvo delação premiada de Gritzbach, que, além denunciar o PCC, poucos dias antes de morrer havia dado um depoimento em que afirmava que era alvo de extorsão dos policiais.

Os promotores do Gaeco, grupo de combate ao crime organizado da Promotoria, pediram além das condenações, o confisco de R$ 40 milhões.

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