A capela imaginária do Morumbi – 13/03/2025 – Andanças na metrópole

No alto do bairro do Morumbi, na zona Sul de São Paulo, exibe-se uma bela casa com paredes de taipa de pilão e paredes em tons rosados erguida na forma de uma pequena igreja. É a capela do Morumbi, uma das construções históricas do Museu da Cidade de São Paulo.

Apesar de ser hoje uma capela, o seu uso histórico é uma incógnita. Não se sabe qual é a finalidade exata da edificação. O primeiro documento que se refere a ela é de 1825.

A capela é parte das ruínas no terreno da antiga casa da Fazenda Morumbi, uma construção que pertencia, na terceira década do século 19, ao inglês John Rudge, um plantador de chá preto. Para alguns historiadores ela é uma velha construção consagrada a São Sebastião dos Escravos. Para outros se trata de uma capela sepultura destinada aos moradores da fazenda. Fala-se também que seriam ruínas de um paiol.

Seja como for é um dos maiores conjuntos de paredes de taipa de pilão expostos na cidade. A taipa de pilão é uma técnica em que se compacta terra úmida entre tábuas de madeira. Foi muito adotada na São Paulo colonial.

Entre as décadas de 1940 e 1950, quando a Companhia Imobiliária Morumby implantou seu projeto de alto padrão na região, contratou o escritório do arquiteto Gregori Warchavchik para restaurar a construção.

Ele usou principalmente alvenaria de tijolos para compor o novo prédio, mas também utilizou o concreto e colocou vigas de aço em alguns pontos da casa para reforçar a estrutura e preservar as paredes de taipa de pilão.

Na sua interpretação da casa, Warchavchik deu-lhe o sentido de uma antiga capela. A companhia imobiliária manteve o local fechado até 1975, quando ele passou a ser propriedade da Prefeitura.

Na década de 1990, a capela, que estava em petição de miséria, passou por uma grande reforma. Ultimamente tem sido bem mantida e está aberta à visitação. O espaço é hoje destinado para a realização de eventos corporativos e sociais, como casamentos

Diz a lenda que a casa da fazenda, hoje ocupada por um restaurante e onde ainda resiste uma velha senzala, teria sido entregue para Rudge pelo rei Dom João 6º. O monarca era grande apreciador do chá e queria que fosse plantado nessa parte dos trópicos. Rudge teria vindo para o Brasil na mesma esquadra que trouxe a família real em 1808.

Também existem referências de que a casa de que o casarão foi habitado pelo padre Diogo Antônio Feijó, dono de um engenho na propriedade, antes da década de 1820. .

O fato, comprovado por documentos, é que, em 1825, Rudge comprou a fazenda, que já tinha o nome atual e somava mais de 700 alqueires, de dona Benedita de Jesus e suas filhas, freiras do Convento de Santa Clara de Sorocaba.

Rudge passou um período especulando com o terreno e, em 1836, o teria vendido por cem vezes o valor que havia pago. Depois, acabou comprando-o de volta. Em algum momento, as terras do Morumbi também receberam videiras para produção de vinho.

A palavra morumbi vem da língua tupi-guarani “murundu-obi” e significa morro ou colina verde. A região é comprovadamente a mais antiga com ocupação humana na cidade de São Paulo. A presença pré-histórica remonta a 3,7 mil anos, como atestam objetos da pedra lascada pesquisados há longo tempo e revelados no ano passado na região.


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