Maria Apparecida Carneiro Lourenço era inteligente, gostava de estudar e de aprender. Vivia do seu jeito, sem tentar atender as expectativas da sociedade.
Nasceu em Bauru, interior de São Paulo, em 11 de agosto de 1935, e foi uma das primeiras da família a se formar. Era contadora. Passou em concurso público da Receita Federal na cidade paulista e também em Goiânia.
Apaixonou-se pelo engenheiro químico Antonio Emílio Lourenço em 1959. Porém, havia um impedimento para esse amor na época. Ele era desquitado da primeira esposa e ainda teve dois filhos com uma segunda mulher.
“O pai dela foi contra porque existia aquele estigma de se relacionar com uma pessoa desquitada”, conta o neto, o jornalista Luiz Felipe Leite.
Na época, não existia divórcio, que só foi sancionado no Brasil em 26 de dezembro de 1977. Assim, eles não poderiam se unir legalmente no Brasil. Mesmo com o julgamento da sociedade, eles se casaram no consulado do Uruguai em São Paulo.
Antonio, que morreu em 1996, trabalhava na parte comercial de uma grande empresa, o que levou a diversa mudanças de estado. Até que voltaram para São Paulo e se estabeleceram em Campinas (SP).
O casal teve dois filhos, Mariza Aparecida Carneiro Lourenço e Antônio Emílio Lourenço Filho. Na década de 1980, depois de muita insistência de Antonio, a mulher aceitou que se casassem no civil para regularizar a situação, o que aconteceu em 1985, quando já estavam juntos havia 26 anos.
“Minha avó era muito engraçada, gostava de contar piadas e de rir de qualquer coisa”, diz Luiz Felipe. “Inteligente, lia muito e sempre gostou de adquirir conhecimento. Era de uma geração analógica, mas aos 70 fazia sua declaração de imposto de renda no computador.”
Devota de Nossa Senhora, seu batismo foi na basílica da padroeira do Brasil, em Aparecida (SP).
“Generosa, fazia doação a várias entidades. Por exemplo, por muitos anos a principal delas foi para o Centro Boldrini [que oferece tratamento para crianças com câncer em Campinas]. Até brinco que ela deveria ter uma estátua em algum lugar, de tanto que ela ajudou entidades assistenciais”, afirma o neto.
Também gostava de se vestir bem, sair, ver gente e conversar. Adorava se conectar com as pessoas.
“Ela vai ser lembrada pela generosidade, bom humor, leveza, inteligência e pela forma como tratava as pessoas”, acrescenta Luiz Felipe.
Maria Apparecida morreu em Campinas, no dia 27 de fevereiro, em decorrência do Alzheimer. Deixa dois filhos, quatro netos e dois bisnetos.
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