A lealdade subestimada: um tesouro ignorado pelas empresas – 25/01/2025 – Nicolás José Isola

Quando você tem uma pessoa leal na sua vida, tudo muda. Uma pessoa leal nunca vai deixar você sem ajuda com um problema na mão. Lealdade não significa submissão, nem falar sempre sim. Lealdade é justamente confiança até no mais mínimo detalhe.

O assunto é: como você gera lealdade? Não é uma pergunta simples. Aconteceu alguma vez de você achar que uma pessoa seria leal e na hora que você precisou não foi? Pois é, achamos que certas pessoas vão ser leais e depois isso não acontece.

Em um mundo corporativo cada vez mais obcecado por métricas, produtividade e resultados imediatos, a lealdade —uma das virtudes mais antigas e humanas— parece ter se tornado uma qualidade invisível. Não porque não exista, mas porque é negligenciada, mal compreendida e, frequentemente, subestimada. A lealdade precisa tempo, conexão e conversa.

As empresas falham em identificar empregados leais porque confundem lealdade com subserviência ou conformismo. Para muitos gestores, o “bom funcionário” é aquele que cumpre ordens, entrega resultados e não faz perguntas desconfortáveis. Entretanto, a lealdade verdadeira é bem mais profunda: ela implica compromisso genuíno, alinhamento de valores e um desejo inabalável de contribuir para o sucesso da organização, mesmo diante de adversidades. A pessoa leal adiciona valor, não fica na zona de conforto, procura dar uma milha extra.

Lealdade não é servidão, é reciprocidade. É o funcionário que se preocupa com a empresa como se fosse sua, que age como um guardião de seus interesses. Esse tipo de relação, no entanto, exige algo que muitas empresas não oferecem: confiança. Como esperar lealdade de alguém que não se sente valorizado ou respeitado? Você seria leal a alguém que o desconsidera?

O erro mais comum é tratar a lealdade como uma moeda de troca limitada a salários e benefícios. Nem na máfia a lealdade é só dinheiro. Vai muito além.

Contudo, o valor da lealdade está na sua insubstituibilidade. Um empregado leal é aquele que permanece fiel à missão da empresa, mesmo quando o mercado se torna instável ou quando oportunidades tentadoras surgem. Ele é o guardião da memória institucional, das relações interpessoais e da continuidade, qualidades que um currículo brilhante jamais poderá substituir.

Em contraste, as empresas que não entendem o significado de lealdade veem seus talentos escaparem pelas brechas de sua indiferença. Promessas vazias, lideranças inconsistentes e uma cultura organizacional tóxica são inimigos da lealdade. Não é de surpreender, portanto, que muitas corporações gastem fortunas em recrutamento, enquanto perdem a oportunidade de cultivar a lealdade que já está diante de seus olhos.

Talvez seja hora de os líderes repensarem suas prioridades e reconhecerem que a lealdade é uma via de mão dupla. Cultivar lealdade exige empatia, transparência e a capacidade de valorizar o humano no profissional. É perceber que funcionários não são apenas recursos —são pessoas.

Se quisermos construir empresas que prosperem no longo prazo, precisamos aprender a enxergar e valorizar a lealdade como o ativo precioso que ela é. Afinal, um empregado leal não é apenas um colaborador: ele é um parceiro, um defensor, um alicerce. E alicerces, como sabemos, são indispensáveis para sustentar qualquer estrutura duradoura.


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