O DPT (Departamento de Polícia Técnica) da Bahia já identificou 11 dos 12 mortos em ação policial no bairro Fazenda Coutos, no subúrbio ferroviário de Salvador, na terça-feira (4).
Todos são do sexo masculino, com idades entre 17 e 27 anos.
De acordo com a Polícia Militar, houve um confronto entre os suspeitos e os militares. Durante a ação, os agentes apreenderam um arsenal que inclui submetralhadoras, pistolas, revólveres, carregadores, munições, além de drogas e balanças de precisão.
Questionada, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia não informou se os mortos têm ficha criminal.
Segundo o secretário da pasta, Marcelo Werner, a ação foi uma uma resposta a “crimes violentos” e “terrores” cometidos por supostos criminosos contra a população do bairro.
“Não podemos banalizar os crimes violentos. Eram crimes violentos, eram terrores, que esses elementos estavam proporcionando ali naquela localidade”, afirmou o secretário em entrevista coletiva na quarta-feira (5).
“Nosso papel é fomentar políticas públicas de paz social, de educação, mas também estar em condição de salvaguardar nossa população, como foi feito nesse caso concreto”, acrescentou.
Conforme o secretário, a polícia realizou a operação após receber informações de uma invasão de uma facção “em desfavor” de outra em Fazenda Coutos.
Há relatos de moradores expulsos de casa de forma violenta e mantidos sob cárcere privado, de acordo com Werner.
A secretaria descartou que a operação policial tenha tido qualquer relação com o Carnaval. Werner disse que a comunidade de Fazenda Coutos “não é violenta”, mas estava sendo “violentada” pelos criminosos.
Werner foi questionado por jornalistas se as 12 mortes foram registradas em um mesmo local.
O secretário não confirmou a informação e disse que a cronologia do caso está sendo esclarecida a partir de investigação com trabalhos de perícia e depoimentos de policiais.
Nesta quarta, o Ministério Público da Bahia afirmou que está acompanhando a apuração do caso. Também prometeu tomar as providências cabíveis, dentro das suas atribuições constitucionais, para elucidar as circunstâncias que resultaram nas mortes.
No ano em que iniciou a implantação de câmeras corporais em suas tropas, a Bahia reverteu a curva ascendente de mortes por intervenção policial, registrando uma queda de 8,5% em 2024, em comparação com 2023.
Dados coletados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública apontam que o estado registrou 1.557 mortes em ações policiais no ano passado, contra 1.702 em 2023. O número vinha em rota ascendente desde 2015.
Apesar de reverter a curva, a Bahia permanece como o estado com maior número absoluto de mortes em ações policiais. São Paulo vem na sequência com 749 mortes, seguido do Rio de Janeiro e do Pará.
A Bahia enfrenta um de seus momentos mais graves na segurança pública, em uma encruzilhada que inclui o acirramento da disputa entre facções criminosas, o crescimento da atuação de milícias e a letalidade policial.
Mortos na ação policial
- Francisco Ariel Freire Santos – 27 anos
- João Cledison Santos Souza – 18 anos
- Uendel Vitor Rodrigues dos Reis – 20 anos
- Douglas Campos da Silva Batista – 27 anos
- Leidson Maxwel da Costa Silva – 27 anos
- Jackson Vitor Araújo dos Santos – 20 anos
- Félix de Oliveira Rodrigues – 19 anos
- Wendel Henrique Nunes dos Santos – 20 anos
- Davi Costa dos Anjos – 17 anos
- Paulo Ricardo Santos Pereira – 17 anos
- Samuel da Luz Nascimento de Sousa – 24 anos
- Perícia trabalha para identificar o 12º morto