Capivaras ficam manchadas de verde no rio Uruguai – 14/02/2025 – Ambiente

Capivaras na margem argentina do rio Uruguai, na província de Entre Ríos, foram ser vistas nos últimos dias completamente cobertas por uma camada esverdeada causada por cianobactérias.

O fenômeno, que se repete a cada ano com maior intensidade devido ao aquecimento global, provocou o surgimento de uma espessa camada esverdeada na região do reservatório da represa binacional de Salto Grande, na fronteira entre Argentina e Uruguai.

Um forte cheiro de podridão no ambiente, peixes mortos na margem e as capivaras envoltas em verde formam o cenário dos balneários da região, afetados pela floração de cianobactérias, potencialmente tóxicas.

“São organismos fotossintéticos e cumprem uma função ecossistêmica importante”, afirmou à AFP Diego Frau, doutor em ciências biológicas e pesquisador no Inali (Instituto Nacional de Limnologia).

Mas em altas concentrações podem ser destrutivos e até se tornarem tóxicos, com risco para os humanos, por isso é recomendado evitar o contato.

“Quando certas condições ambientais ocorrem, como altas temperaturas e elevadas concentrações de nutrientes na água, esses organismos oportunistas começam a crescer de forma desmedida e ocorre um ‘bloom’ ou floração de cianobactérias”, explicou.

Pelo menos 15 municípios da província de Buenos Aires emitiram um alerta na semana passada para a detecção precoce.

“Os efeitos das mudanças climáticas associados aos padrões de temperatura e distribuição das precipitações estão levando a que essas florações de cianobactérias sejam cada vez mais recorrentes”, disse Frau.

A isso se soma o impacto da atividade humana sobre os sistemas aquáticos próximos a áreas urbanas e os derivados da exploração agrícola e pecuária.

O biólogo, membro do Conicet (Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas), destacou ainda que a alta concentração de bactérias reduz o oxigênio na água para os peixes e limita a luz para a fotossíntese das plantas aquáticas, afetando todo o ecossistema.

O especialista indicou que a floração pode durar várias semanas.

“Esta espécie que foi encontrada aqui pode produzir toxinas e, nesse caso, seria perigoso tanto para o ser humano quanto para a biota que vive na água”, disse Martín Novoa, doutor em ciências biológicas da Faculdade de Ciências da Alimentação da Universidade Nacional de Entre Ríos.

Em entrevista à AFP na cidade de Concordia, em Entre Ríos, ele detalhou que em “exposição leve” este tipo de cianobactérias pode gerar “problemas de dermatite” ou, em caso de contato das mucosas com a água com microrganismos, podem surgir “sintomas semelhantes aos da gripe”, diarreia, vômitos e dor de cabeça.

“Em exposição prolongada, foram documentados problemas hepáticos e problemas do sistema nervoso”, acrescentou.

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