O desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro começa neste domingo (2) com a Unidos de Padre Miguel que, após mais de 50 anos, volta ao Grupo Especial do Carnaval carioca.
O enredo celebra as raízes afro-brasileiras, e para isso a escola apresenta “Egbé Iyá Nassô”, retratando a trajetória da sacerdotisa que fundou o primeiro terreiro de candomblé do Brasil, a Casa Branca do Engenho Velho na Bahia.
Com 11 alegorias a escola promete um desfile com tronos de orixás e navios negreiros. O símbolo da escola, o boi, será peça central do desfile, que será dividido em seis setores, narrando desde a origem de Iyá Nassô no Reino de Oyó até a fundação do terreiro.
“Nosso enredo, ‘Egbé Ya Nassô’, é mais do que uma homenagem, é um resgate histórico e cultural essencial. A Casa Branca do Engenho Velho é o berço do candomblé no Brasil, um espaço de resistência e preservação da ancestralidade africana. Estamos contando essa história com respeito, grandiosidade e emoção, mostrando a força e a beleza dessa tradição que é a base da identidade do povo brasileiro”, disse Alexandre Louzada, carnavalesco.
Atual vice-campeã do Rio, Imperatriz Leopoldinense, será a segunda a entrar na avenida. Pela primeira vez irá trazer um tema do universo afro-religioso, tradicionalmente voltada a temáticas históricas.
O enredo escolhido foi “Omi Tútú ao Olúfon – Água Fresca para o Senhor de Ifón”, que narra a jornada de Oxalá, o pai da criação, ao reino de Oyó para visitar Xangô, orixá e rei. Alertado pelos búzios sobre os infortúnios que a viagem poderia trazer, Oxalá acaba acusado de roubo e aprisionado durante o percurso. Após sete anos de sofrimento, ele é finalmente reconhecido por seu amigo Xangô.
Em seguida, a Viradouro vai tentar seu primeiro bicampeonato consecutivo no Grupo Especial. Para isso, a Vermelho e Branca aposta no enredo “Malunguinho: Mensageiro de Três Mundos”. A narrativa destaca a trajetória de João Batista, líder do Quilombo do Catucá no século 19, cuja luta por liberdade o tornou Malunguinho, figura reverenciada na Jurema Sagrada, uma tradição espiritual afro-indígena.
Caberá a Mangueira fechar o primeiro dia dos desfiles, com o enredo “À flor da terra – No Rio da negritude entre dores e paixões”, desenvolvido pelo carnavalesco Sidney França.
“A Estação Primeira de Mangueira levará para a avenida um olhar sobre a presença dos povos bantus na cidade do Rio de Janeiro. Eles representaram a maioria dos negros que chegaram no Cais do Valongo, na Pequena África. A Mangueira retratará a vivência dessa população em toda a cidade, mostrando como sua história floresceu em solo carioca”, disse França. Os desfiles começam às 22h.
Este ano pela primeira vez o Grupo Especial será dividido em três dias, com quatro escolas por dia.
Veja a ordem dos três dias de desfiles
Domingo (2 de março)
- 22h – Unidos de Padre Miguel
- 23h30 – Imperatriz Leopoldinense
- 0h50 – Unidos do Viradouro
- 2h – Estação Primeira de Mangueira
Segunda (3 de março)
- 22h – Unidos da Tijuca
- 23h30 – Beija-Flor
- 0h50 – Salgueiro
- 2h – Unidos de Vila Isabel
Terça (4 de março)
- 22h -Mocidade Independente de Padre Miguel
- 23h30 – Paraíso do Tuiuti
- 0h50 – Grande Rio
- 2h10 – Portela