A Polícia Civil ouviu nesta sexta-feira (7) sete testemunhas no caso da morte da adolescente Vitória Regina de Sousa, 17, cujo corpo foi encontrado em Cajamar (Grande São Paulo) após uma semana de buscas. Três dos ouvidos chegaram às 6h a sede do GOE (Grupo de Operações Especiais) de Franco da Rocha, outras três chegaram às 15h e, a última, por volta das 17h. Todas estavam encapuzadas.
Uma delas é o ex-namorado de Vitória, Gustavo Vinicius Moraes, 25, que havia sido ouvido na véspera, antes do corpo da adolescente ser encontrado, segundo agentes que trabalham no caso.
Discrepâncias foram constatadas entre relatos de Gustavo, segundo os investigadores. A Polícia Civil chegou a pedir sua prisão temporária, ainda na noite de quarta (5), o que foi negado pela Justiça.
Outras diligências foram realizadas para apurar quem é o autor, principalmente pela perícia.
Os trabalhos se concentram em um veículo Chevrolet Corsa, branco, estacionado. O carro chegou ao departamento policial conduzido por uma das testemunhas, ainda na manhã desta sexta. O motorista foi liberado, mas o automóvel permaneceu.
A Polícia Científica apreendeu no interior do veículo um blusa rosa, um par de chinelos, os tapetes do carro e ferramentas. Fios de cabelos foram encontrados no porta-malas.
Peritos aplicaram luminol no automóvel, substância que reage ao entrar em contato com o sangue, mesmo que o local já tenha sido limpo ou lavado.
Um cão farejador ainda sinalizou para o volante do carro e o encosto do banco traseiro. O animal é utilizado para identificar odores de sangue ou cadáver, como explicou um dos agentes no local.
Todo material coletado foi enviado ao IML (Instituto Médico Legal) e ao IC (Instituto de Criminalística), informou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
Além disso, a Perícia Civil também coletou digitais em volta e dentro do carro, graças a um pó preto que realça as marcas.
Os peritos iriam repetir as minucias no Toyota Yaris, que pertence aos dois homens que seguiam Vitória quando a jovem estava perto de casa, no bairro de Ponunduva, em Cajamar.
Porém, as equipes foram redirecionadas pela descoberta de um terceiro carro, um Gol branco, em Cajamar. O veículo foi abandonado há dias e as forças policiais apuram se Vitória ou pessoas investigadas que passaram pelo local deixaram algum vestígio no veículo.
Ex-namorado não chegou a ser preso
O ex-namorado investigado no caso da morte de Vitória foi ouvido pela polícia e liberado da delegacia na quinta-feira (6).
Gustavo Vinicius Moraes teve a prisão temporária, ou seja, com um prazo estipulado, pedida pelo delegado responsável pela investigação. No entanto, a solicitação não foi atacada pela Justiça, que não encontrou argumentos justificáveis para mantê-lo sob custódia durante as apurações.
O juiz Marcelo Henrique Mariano também negou o pedido de busca e apreensão na casa do suspeito, pelo fato de ele ter entregue o celular de forma espontânea.
Ainda na quinta, o delegado Aldo Galiano, que conduz o caso, chegou a afirmar que a Justiça havia concordado com a prisão, o que não se confirmou. Ele também declarou que após o depoimento o suspeito estaria em prisão temporária.
“Na tarde de ontem (6), um suspeito foi ouvido, mas teve o pedido de prisão indeferido pela Justiça. Além dele, outros seis homens são investigados”, afirma a Secretaria da Segurança Pública do estado em nota.
Segundo o inquérito da Polícia Civil, Gustavo relatou em depoimento que havia combinado com Vitória de buscá-la no ponto de ônibus onde ela desceria ao retornar do trabalho. Ele teria desistido para se encontrar com outra mulher.
A mulher com que o suspeito ficou naquela noite confirmou que ele chegou a sua casa por volta das 22h e permaneceu até por volta das 4h. Aos policiais, o homem contou que deixou a residência na madrugada do dia 27 para trabalhar como ajudante de mudança.
Pelos extratos de geolocalização os investigadores afirmaram que o suspeito esteve no mesmo local que Vitória entre os dias 25 e 28 de fevereiro. Essa situação foi entendida como uma contradição em relação a outro ponto da versão apresentada pelo homem, de meses não via a jovem havia meses.
Para o juiz, as geolocalizações disponíveis, usadas pela polícia para colocar o homem como investigado, não são confiáveis para afirmar que ele e a vítima estiveram no mesmo local, uma vez que ambos residiam a menos de 2 km de um do outro.
Colaborou Paulo Eduardo Dias, de São Paulo