Ciclistas que usam a ciclovia reclamam do aumento de casos de roubos nas duas pistas que margeiam o rio Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Na última segunda-feira (27), uma ciclista foi espancada e assaltada enquanto pedalava no local.
Ela relatou ao blog Ciclocosmo, da Folha, que foi atingida por um ciclista que vinha no sentido contrário em zigue-zague. Ela contou que foi jogada no chão e levou cotoveladas antes de ser obrigada a tirar a roupa. O ladrão levou sua aliança, óculos e a bicicleta.
Ainda no chão, ela conta que viu o bandido fugir por um buraco aberto na grade que separa a ciclovia dos trilhos da ViaMobilidade, concessionária que administra a linha 9-esmeralda de trem.
Frequentador da ciclovia, o editor Paulo Alves, 35, diz que a ciclovia do rio Pinheiros era considerada mais segura do que a pista na margem oposta ao rio, conhecida como parque linear Bruno Covas, justamente pelo trilho do trem que impunha dificuldade à fuga dos ladrões. Já o parque sempre foi considerado mais arriscado pela proximidade com a marginal Pinheiros, rota de fuga dos assaltantes.
Segundo ele, os registros de roubos no local são frequentes desde a inauguração, em 2010, mas têm se intensificado. “Agora estão roubando dos dois lados”, diz ele, que faz parte do coletivo de cicloativismo Bike Zona Sul.
Para evitar serem alvos de assaltantes, ele conta que os ciclistas costumam esperar outros frequentadores para atravessar em grupo trechos mais perigosos, como a ciclopassarela de acesso ao parque do Povo, na Vila Olímpia, ou entre a estação Grande Julieta e a ponte estaiada Octavio Frias de Oliveira, no Morumbi, principalmente no fim do dia. “Foi criado o costume de formar grupos de ciclistas por volta das 18h na ponte Cidade Jardim como medida de segurança”, diz.
A gestora de negócios Tatiane Queiroz, 41, conta que foi assaltada há cerca de dois meses por um bandido a pé quando pedalava pelo parque Bruno Covas. “Ele vinha na direção oposta, fez um gesto de arma, dizendo ‘perdeu, perdeu’ e pulou em cima de mim. Ele me derrubou da bike”, diz.
Como estava “clipada”, termo usado por ciclistas para se referir à prática de pedalar com o pedal fixado na sapatilha, ela lembra que ficou presa na bicicleta, enquanto ele tentava puxá-la. “Assim que conseguiu, ele montou nela e fugiu.”
Além da bicicleta, o bandido levou seu celular, os fones de ouvido e a chave do carro. “Não tenho mais pedalado, não tive coragem de voltar”, diz. “Eu acompanho um grupo de ciclistas que reportam roubos praticamente todos os dias, então, não tenho coragem de voltar mesmo. É muito triste, eu adoro a ciclovia.”
Alves explica que as gangues são atraídas pelas bicicletas mais caras, como as elétricas e de alta performance, mas que os modelos simples têm sido alvo de roubos mais recentemente. “Os corredores também são alvos”, diz.
Na inauguração da ciclopassarela Erika Sallum, nesta quinta-feira (30), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que serão instaladas câmeras de monitoramento nas ciclovias e também na nova estrutura para melhorar a segurança. Não foi informado, porém, o prazo para a instalação.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirma que o policiamento está sendo intensificado e que os suspeitos de atacar a ciclista na segunda-feira foram presos.
“Além do policiamento ostensivo realizado pela Polícia Militar, a Polícia Civil tem implementado ações estratégicas, com o apoio de inteligência, para identificar e prender os criminosos. Dentre essas ações, destaca-se a Operação Mobile, que combate roubos, furtos e a receptação de celulares, o principal alvo dessa cadeia ilícita”, diz a pasta da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), em nota.
Já a ViaMobilidade diz que já foram realizados os reparos na grade que separa a ciclovia dos trilhos.