Após amargar três décadas sem títulos, o São Raimundo, clube de futebol do Amazonas, viu a sorte mudar em 1996 com a chegada dos dirigentes Manoel do Carmo Chaves Neto, o Maneca, e o radialista esportivo e administrador Ivan da Silva Guimarães.
Foi Ivan que insistiu com o amigo para que eles trocassem o rival Nacional pelo São Raimundo, o Tufão da Colina, conta Ivan Júnior, 33. A partir daí, com o dirigente à frente do departamento de futebol, foram 12 anos de gestão, cinco títulos estaduais, três Copas Norte e a criação de uma marca de sucesso daquela geração.
Mas antes de cravar sua trajetória na história do São Raimundo, Ivan, nascido em Lábrea, no interior do Amazonas, em 1957, precisou trabalhar ainda criança. “Meu avô tinha uma embarcação e ele logo foi envolvido nos afazeres de levar mercadoria para o barco na ida de Manaus para Barcelos e na volta”, diz Ivan Júnior.
Foi com a mudança da família para Manaus que Ivan pôde, enfim, começar a estudar e brincar de jogar bola. Formou-se em administração na capital e começou a trabalhar como repórter de campo na rádio Baré. “Ali, fazendo as entradas [no ar] durante os jogos, tudo começou.”
Depois de trabalhar na área administrativa, Ivan foi para o Nacional Futebol Clube, antes de ingressar no São Raimundo.
O amor pelos gramados também o fez repassar um sonho a Ivan Júnior. “Fui jogador profissional para seguir o sonho dele, mas como me machucava muito, segui para o outro lado para ficar no esporte.” Hoje, o filho é árbitro credenciado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Além do dominó jogado religiosamente aos sábados na casa do amigo Maneca, Ivan Guimarães também gostava de tomar cerveja em casa. “Mas só ele e minha mãe”, diz Ivan Júnior, um dos dois filhos do segundo casamento do dirigente, com Ângela Maria Honorato da Costa, já morta.
Nos momentos de lazer, Ivan Guimarães preferia a casa vazia. Se tivesse visita, era com hora para chegar e hora para ir embora. Nos últimos anos, ele voltou ao rádio e passou a apresentar também um programa esportivo na Rádio Rio Mar.
Ivan Guimarães morreu em 4 de fevereiro, por complicações surgidas a partir de erisipela (infecção bacteriana que atinge a pele e pode causar inflamação). Ele deixa cinco filhos, cinco netos e três enteadas.
Além do legado para o esporte, Ivan e a irmã Yanka Guimarães, 29, também querem manter viva a voz do pai. O programa na Rio Mar deve continuar a ser transmitido e vai contar com vinhetas e locuções já gravadas pelo radialista.
Veja os anúncios de mortes
Veja os anúncios de missa
