“O Brasil que a gente meme” foi tema da Confraria do Pasmado, bloco que levou milhares de foliões pela rua dos Pinheiros, em São Paulo, neste domingo (23).
As pessoas se revezavam entre a sombra das árvores e das construções na calçada quando o bloco saiu, perto do meio-dia.
Grupos de amigos e famílias com crianças desfilavam com fantasias criativas, aderindo ao tema proposto pelo Pasmado.
Um dos grupos usava um mesmo adereço: a máscara da Fernanda Torres, atriz indicada ao Oscar com o filme “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles.
“Não tem outro assunto esse ano”, afirma Thalita Donadelli, 41, que veio da zona sul de São Paulo comemorar o aniversário no bloco em Pinheiros. “Estamos na torcida pela Fernanda Torres, comprei máscara para toda mundo.”
A amiga Bruna Sion, 40, diz que pula carnaval há mais de dez anos —e agora traz os filhos.
“Banheiro é o mais difícil com criança, bebê a gente troca no carro. Damos pipoca e sorvete para eles ficarem numa boa”, afirma ela.
Outro grupo, de dez pessoas, se destacava na multidão. Inspirados no meme “Que Xou da Xuxa é Esse”, os amigos se fantasiaram de paquitas, Xuxa, Sergio Mallandro e Marlene Mattos.
“Mirei na Xuxa e acertei no He-Man aposentado”, brincou Demian Salles, 39. “O perrengue é só o calor da peruca, mas a gente se hidrata bastante.”
“Carnaval de São Paulo está surpreendendo. Não está tão cheio, tem água e consegui ir ao banheiro, parece melhor que nos últimos anos”, diz Ana Paula Macedo, 36, que planeja ir a outros blocos nesta semana.
Além dos tradicionais ambulantes credenciados pela Prefeitura de São Paulo, outros vendem suas mercadorias entre o público na rua. Espuma, confete, tiara, leque, óculos de sol e sungolé —o geladinho de cachaça— fazem sucesso.
O ambulante Maurício Martins, 46, passa borrifando água nos foliões, que agradecem em meio ao sol forte.
“Jogar água nas pessoas ajuda a vender cerveja”, diz ele, que também comercializa o borrifador de jardinagem acoplado a uma garrafa pet a R$ 20.
“Decido no dia em qual bloco eu vou, mas a concorrência está desleal, a prefeitura está exagerando no credenciamento e a Ambev vende mais caro que mercado”, relata Martins, que usa o armazém da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) na rua Fradique Coutinho abastecer o gelo. “É uma caminhada grande para voltar com peso.”
O bloco tinha entrada liberada, sem revista ou grades de proteção, e havia uma estrutura da Prefeitura com água disponível ao lado do metrô Fradique Coutinho.
O Cordão Carnavalesco Bloco do Pasmado, criado em 2003, toca canções próprias, além de samba, frevo, baião, axé e funk carioca.