A JBS anunciou agora há pouco que vai transferir sua listagem primária para a Bolsa de Nova York, enquanto os BDRs da empresa ficarão listados na B3.
O plano de listagem dupla ainda terá que ser aprovado pela SEC e pelos acionistas da companhia numa assembleia ainda a ser marcada.
O BNDESPar — o maior minoritário da companhia dos Batista com 20,8% do capital — disse que vai se abster na assembleia como resultado de um acordo negociado com a controladora, a J&F Investimentos. Pelo acordo, a BNDESPar vai receber até R$ 500 milhões caso a ação da JBS não alcance uma valorização pré-estabelecida mas não revelada depois da listagem.
A listagem em Nova York pode ter implicações significativas para o valor de mercado da JBS, que trabalha neste plano pelo menos desde o final de 2022.
A listagem permitirá à companhia acessar investidores globais, muitos dos quais têm restrições estatutárias a comprar ações listadas em jurisdições como o Brasil.
Isto, pelo menos em tese, deve levar a uma reprecificação do papel, dado que os principais concorrentes da empresa com sede nos EUA negociam a múltiplos significativamente maiores.
A Tyson Foods, por exemplo, negocia a 8,5x EBITDA, a Smithfield, que fez seu IPO em janeiro, a 8x, e a própria Pilgrim’s Pride Corp., controlada pela JBS, negocia a 6,5x na Nasdaq.
A JBS – uma empresa global que faz apenas 18% de seu EBITDA no Brasil e mais de 50% nos EUA – negocia a 4,5x EBITDA na B3.
A reprecificação do papel começaria pelo fato da listagem nos EUA permitir à JBS entrar na carteira dos fundos passivos, que hoje respondem por 54% de todos os fundos do mercado americano – comparado a apenas 5% vinte anos atrás.
Após a listagem, a JBS entrará automaticamente no índice Russell 1000 e, seis meses depois, poderá se candidatar a ingressar no S&P 500 — onde um dos critérios de elegibilidade é de que mais de 50% das vendas aconteçam nos Estados Unidos, o que é o caso da companhia dos Batista.
Hoje, 60% da alocação em ações no setor de proteína vem de fundos passivos, mas quase nada vai para a JBS. A Vanguard, por exemplo, tem 10x mais alocação na Tyson do que na JBS, e o dobro na Pilgrim’s Pride. Na Blackrock, a proporção é semelhante.
A JBS está na fase de responder dúvidas da SEC, e a expectativa é que a listagem na NYSE aconteça em algum momento de agosto — se tudo ocorrer dentro do esperado.
A JBS vale pouco mais de R$ 72 bilhões na B3. A ação sobe 40% nos últimos doze meses.
Hoje, o papel fechou em queda de 1,4%.