As ações para conter o aquecimento global estão em risco devido a um efeito triplamente negativo desencadeado pelo retorno do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à Casa Branca, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, nesta quinta-feira (6).
O tema preocupa especialmente o Brasil enquanto o país se prepara para sediar a COP30, conferência climática da ONU (Organização das Nações Unidas) no final deste ano.
Trump retirou os EUA do Acordo de Paris, lançou uma guerra comercial com Canadá, China e México e alterou a política americana sobre a Guerra da Ucrânia.
Marina disse a repórteres em Nova Déli, falando por meio de um tradutor, que o “contexto geopolítico cada vez mais complexo”, caracterizado por turbulências e tarifas comerciais, pode interromper o progresso na contenção das mudanças climáticas.
“Podem drenar recursos e também podem prejudicar o ambiente de confiança entre as partes. Temos um efeito negativo triplo, pois quanto menos ação vemos, menos dinheiro vemos, resultando em menos cooperação entre os países”, afirmou a ministra.
O Brasil, que sediará a COP30 em novembro, disse que usará sua presidência para pressionar pelo multilateralismo e pelo respeito à ciência, em uma réplica a Trump.
Com o rompimento promovido por Trump no financiamento internacional, Marina avalia que outros países podem sentir que precisam redistribuir as finanças para áreas como a defesa, em detrimento da área climática.
Ela colocou em dúvida o acordo alcançado na COP do ano passado para triplicar o financiamento às nações pobres para US$ 300 bilhões anuais até 2035, dizendo que isso “não pode ser dado como certo”.
Marina também disse que as disputas sobre tarifas comerciais são “ruins para todos” e só trazem benefícios políticos de curto prazo.
“No longo prazo, elas podem levar à inflação, podem levar a uma diminuição da popularidade… As pessoas não serão solidárias se suas casas forem queimadas por incêndios, se houver impacto em sua segurança alimentar por causa da inflação”, afirmou ela.
Marina Silva recebeu nesta quarta-feira (5), em Nova Déli, o prêmio de Liderança para o Desenvolvimento Sustentável. A homenagem foi dada pela Instituto de Energia e Recursos (TERI, na sigla em inglês), organização indiana que reconhece líderes na área de sustentabilidade e ação climática.
