O MPF (Ministério Público Federal) ajuizou uma ação civil pública para que seja determinado o controle e a erradicação de búfalos na região da Reserva Biológica Guaporé, no oeste de Rondônia.
A ação pede que a Justiça Federal determine ao Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) e ao governo de Rondônia a adoção de medidas para resolver o problema.
Segundo o MPF, o crescimento desordenado da espécie provoca danos ambientais como a compactação do solo, o que causa desertificação e desvia cursos hídricos. Além disso, os búfalos disputam recursos naturais com o cervo do pantanal, uma espécie ameaçada de extinção.
Há também riscos econômicos e sanitários para a região.
Cinco mil búfalos ocupam, atualmente, 12% da reserva. Os animais não são vacinados e não são submetidos a um controle sanitário.
“A existência descontrolada desses animais pode manchar a credibilidade da cadeia pecuária de Rondônia, prejudicando gravemente a economia local”, diz o procurador da República Gabriel Amorim, autor da ação.
O plano de controle deve utilizar métodos que causem o menor sofrimento possível aos animais, pede a ação civil pública.
Os búfalos foram introduzidos à região em 1953, na antiga fazenda Pau d’Óleo, que pertencia ao então território federal do Guaporé, hoje domínio de Rondônia.
Criada como uma fazenda experimental nos anos 1950, a Pau d´Óleo faria a introdução de búfalos na região. No entanto, o projeto foi abandonado e os 36 animais que viviam no local se reproduziram livremente em um habitat com alimento farto e sem predadores e invadiram a reserva biológica.
Segundo o MPF, há o risco de a população de búfalos chegar a 50 mil até 2030, caso nenhuma medida de controle seja adotada. Nesse caso, os animais exóticos ocupariam metade da reserva.
Os ambientes alagados foram reduzidos em 48% nas últimas três décadas por causa do pisoteamento e da abertura de canais com erosão e compactação do solo.
Em 2008, o Ministério Público de Rondônia e representantes de outros órgãos públicos visitaram a região após denúncias sobre intervenções em sítios arqueológicos.
Na visita, não foram encontrados sinais de intervenção humana, mas os agentes públicos constataram a presença de vestígios de búfalos selvagens.
Desde aquela época foram realizadas diversas reuniões em busca de solução, mas até hoje nenhuma medida concreta foi adotada.