Para onde o Bolsonarismo vai? – 18/03/2025 – Mariliz Pereira Jorge

A oposição fez piada sobre os patriotas pingados que deram as caras em Copacabana. O governador do Rio mandou maquiar a contagem e a PM cravou 400 mil —acabou o Carnaval, mas não a palhaçada.

Nessa guerra de narrativa, os números do domingo (16) não têm tanta importância ao se levar em conta que Jair Bolsonaro ainda tem cerca de um terço dos eleitores muito fiéis, como mostram pesquisas.

A boa notícia diante do fiasco do ato é a constatação de que o poder de mobilização do ex-presidente vem diminuindo e eu já posso tomar café da manhã na padaria do bairro sem tropeçar em idosos gritando “mito”. A má é que isso não parece ter a ver com sua popularidade. Gostaria de acreditar que o Brasil cansou daquela cara sebosa do Jair, mas não. Aquele mar de vazio no calçadão da praia mais famosa do Rio pode indicar apenas que boa parte de seus eleitores ainda curtia a ressaca do reinado do Momo ou está resignada com o seu destino e resolveu ficar em casa.

Isso não quer dizer que a direita está desmobilizada, como aconteceu na época das prisões relacionadas ao 8 de janeiro. Os ratos correram para o porão. Foi uma época de respirar com alívio, mas durou pouco.

Vamos encarar que o bolsonarismo nas ruas pode estar menor, mas não significa que esteja mais fraco. Resta saber para onde ele vai com a possível prisão do ex-presidente.

Bolsonaro será condenado juntamente com duas dúzias de milicos. Gostaria de ver um punhado de parlamentares na mesma situação. Como nem se fala na participação deles na tentativa de golpe, parece que o Judiciário vai dar essa aliviada. Mesmo assim, Eduardo, o filho 03, disse que vai pedir asilo nos EUA para poder brincar com o Pateta.

O julgamento dos indiciados deve render mais audiência do que o remake de “Vale Tudo”. Será épico, será histórico, será um grande dia. Teremos Carnaval fora de época, fogos de artifício como no Réveillon.

Diremos que a vida presta e vamos sorrir nas fotos. Mas e depois? O bolsonarismo já se estabeleceu como movimento político. A única dúvida é o quão perto do extremismo do seu criador cairá o fruto escolhido para substituí-lo na próxima eleição.


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