Na semana passada, um assalto à padaria Fazemos Pão terminou com um cliente baleado. O comércio fica em Pinheiros, bairro da zona oeste de São Paulo que registrou recorde de roubos no ano passado.
Sócia da padaria artesanal, Priscila Imai diz que a violência na região tem sido cada vez mais comum. “Nós abrimos em 2018 e nunca teve nada. Mas em questão de quatro meses a gente teve duas vezes assalto a mão armada. É super assustador o que está acontecendo”, disse.
Ela afirmou que em novembro de 2024 dois homens tinham entrarado no local e para fazer um arrastão e roubar os celulares dos clientes.
“Foi o mesmo modus operandi [do assalta da semana passada]. Foram dois rapazes. Mostraram arma e abordaram mesas pedindo celulares. Mas entrou um grupo de meninas na padaria. Uma das meninas percebeu e saiu da padaria. Eu acho que eles devem ter ficado inseguros com isso, com o entra e sai, desistiram e foram embora. Então roubaram só um celular”, contou Priscila.
Ela disse também que os 24 funcionários atuais da padaria estão assustados e com medo, alguns com quadro de ansiedade.
Desde o último assalto, Priscila e o marido, seu sócio, contrataram um vigilante para fazer a segurança do local de forma fixa.
A empresária, que mora no bairro desde 2016, afirmou que vem percebendo aumento na insegurança na região. “Aumentou bastante a insegurança, são casos de furto de celular, de assalto. Inclusive, tem lojas que tem equipes só de mulheres, e o pessoal está superassustado.”
“Antes a gente [ela e o marido] saía muito à noite, saía a pé, aproveitava o bairro. Hoje, a gente sai menos, e geralmente sai com carro de aplicativo. Deixo o celular com o aplicativos do banco em casa e uso um que não tem nada”, disse ela.
No assalto da última sexta (7), os criminosos chegaram ao local por volta das 17h. Eles entraram na padaria, balearam um cliente e fugiram a pé, levando ao menos dois celulares.
Imagens de câmera de segurança mostram quando um dos homens entrou no estabelecimento, falou com um cliente que estava em uma mesa mexendo no celular e pegou o aparelho.
Na sequência, ele foi em direção a outro cliente que também mexia em um celular. A pessoa levantou e reagiu, chutando o criminoso algumas vezes.
Enquanto o homem trocava chutes com o assaltante que aparentava estar desarmado, um outro homem entrou e atirou na vítima, que foi atingida no abdômen. O criminoso ainda pegou o celular dele antes de ir embora.
A vítima é um italiano de 55 anos que mora há vários anos no Brasil e trabalha como diretor comercial em uma empresa de tecnologia.
Ele foi levado ao Hospital das Clínicas, passou por cirurgia e está estável em recuperação, segundo a empresa em que trabalha.
O caso foi registrado como tentativa de latrocínio pelo 14º DP, de Pinheiros. Ninguém foi preso até o momento.
Em outro caso, na noite de quinta-feira (6), um homem de 40 anos também foi baleado durante uma tentativa de assalto no bairro. Ninguém foi preso.
Conforme a Folha mostrou, a quantidade de queixas de roubos de janeiro a dezembro de 2024 na área do 14º DP foi a maior da série histórica, iniciada em 2002.
Foram 3.569 registros de ocorrências no período contra 3.391 no ano anterior. No caso dos furtos houve recuo (passou de 9.020 em 2023 para 8.910 no ano passado).
Foi nessa região da capital paulista que, em janeiro, um jovem de 23 anos foi assassinado a tiros após reagir a um assalto. Vitor Rocha e Silva, que visitava a cidade e tinha acabado de sair do prédio de uma tia para almoçar, estava com o namorado quando eles foram abordados por um criminoso em uma moto na rua Joaquim Antunes. A polícia suspeita que três homens tenham participado do crime. O celular de Vitor foi levado.
O primeiro mês de 2025 foi marcado pela violência no bairro. No dia 25, dois dias depois da morte de Vitor, bandidos invadiram um restaurante na rua Arruda Alvim e fizeram um arrastão. Clientes tiveram celulares e relógios levados. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, dez boletins de ocorrência sobre o fato foram registrados.
Em nota, a pasta disse que as ações de patrulhamento preventivo e ostensivo na região foram reorientadas e intensificadas, a partir da análise dos indicadores criminais.