O Rio de Janeiro pode chegar a um nível inédito de calor nos próximos dias, segundo a prefeitura. Caso a temperatura aumente, medidas como a suspensão de atividades físicas ao ar livre e mudanças nas escolas municipais podem ser determinadas.
Para este domingo (16), o Alerta Rio, sistema meteorológico da prefeitura, tem previsão de máxima de 40°C, com ventos fracos a moderados. Não há previsão de chuva. Na segunda-feira (17), a máxima prevista é de 42°C, e na terça (18), de 43°C.
Raquel Franco, meteorologia-chefe do Sistema Alerta Rio, da prefeitura, afirmou que a cidade pode ter na próxima semana o maior índice temperatura para o mês de fevereiro de toda a série histórica —o recorde atual é de fevereiro de 2023, quando termômetros alcançaram 41,8° em Irajá.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), convocou coletiva neste domingo (16) para explicar ações de mitigação do calor previstas pelo município para a próxima semana.
Em 2024, a prefeitura criou uma escala de níveis de calor 1 a 5, cálculo baseado na temperatura e umidade relativa do ar a cada três dias.
Segundo a prefeitura, desde o início do ano, a capital fluminense esteve 24 dias no nível de calor 3, três dias no calor 2 e 19 dias no calor 1, nível considerado normal.
Paes diz acreditar que pode acionar, nos próximos dias, o nível de calor 4 pela primeira vez.
Entre as ações de mitigação previstas estão a abertura de 58 pontos de resfriamento para a população, como as Naves do Conhecimento, espaços com sistema de ar-condicionado em que jovens fazem cursos gratuitos.
“Nave do Conhecimento é um equipamento de qualidade, tem um ar-condicionado bombando forte. [A gente] abre a Nave e deixa as pessoas entrarem”, disse Paes.
Parques arborizados também ficarão abertos, e funcionários que trabalham expostos ao sol deverão ter pausas para hidratação.
Nas escolas municipais, a determinação é de transferir as aulas de educação física para espaços cobertos, caso o Rio chegue ao calor 4, ou mesmo suspender a educação física.
A Secretaria Municipal de Saúde também pode determinar a suspensão de atividades físicas ao ar livre nos horários mais quentes.
Paes, contudo, não pretende suspender blocos de rua por causa do calor.
“Não vamos chegar aqui e dizer: vamos suspender os blocos de Carnaval do Rio de Janeiro, que sempre tiveram temperatura de 70°C à sombra. Todo mundo que já brincou e pulou bloco de Carnaval de dia, no Rio de Janeiro, sabe do que estou falando. Mas podemos chamar atenção dos foliões: beba mais água, se hidrate melhor, busque estar em ambientes em que o risco à saúde é menor”, disse o prefeito.
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, disse que aumentou o número de atendimentos de emergência por desidratação na cidade, especialmente entre idosos e crianças. Dados da pasta apontam cerca de 3.000 atendimentos em janeiro, por problemas ligados ao calor e desidratação.
“É um período do ano em que normalmente há um aumento na emergência por desidratação. Idosos e crianças sentem menos sensação de sede. Bebês, às vezes, usam roupas demais. Isso parece uma besteira, mas leva muitas pessoas às emergências”, disse Soranz.
“Tivemos a internação de dois bebês por uso de muitas roupas.”
O secretário também alertou sobre o aumento de atendimentos por questões ligadas a pele.
“Tem gente indo à emergência por usar protetor solar de base caseira. Também tivemos muitas pessoas no hospital por uso de cera de cabelo. Elas geram muitas queimaduras. Foram mais de 200 atendimentos em dezembro só na emergência do Hospital Municipal Souza Aguiar.”