Após o atentado ao ex-prefeito José Aprígio da Silva (Podemos), no ano passado, Daniel Bogalho (Republicanos) afirma que o crime foi imputado a ele e que sofreu represálias. Conhecido como Engenheiro Daniel, ele disputou e venceu o segundo turno das eleições municipais contra Aprígio.
Agora, a Polícia Civil e Ministério Público de São Paulo afirmam que o atentado foi forjado e deflagraram a Operação Fato Oculto para cumprir dois mandatos de prisão preventiva e outros dez de busca e apreensão de pessoas envolvidas no caso.
Bogalho, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (17), disse que sabia que a verdade apareceria. “Eu não tinha dúvidas. Tinha certeza absoluta que se tratava de um atentado forjado”, afirmou o prefeito que foi eleito com mais de 60% dos votos no segundo turno.
O prefeito relembra que, após o atentado à Aprigio, recebeu constantes ataques e disse que seus filhos não foram à escola em meio à polêmica.
Ele também disse que evitava sair de casa com medo de agressões verbais que poderiam ser feitas. “Eu tinha que pedir para algumas pessoas irem ao mercado para comprar uma mistura, alguma coisa, porque não tinha condição de sair de casa.”
Agora, ele afirma que está feliz com o desfecho, mas lamenta que a cidade ocupe o noticiário com uma história negativa. “Espero que Taboão seja um exemplo de como não se deve disputar uma eleição”, afirmou.
Embora Polícia Civil e Ministério Público apontem fraude no atentado, a investigação ainda não encontrou provas de participação de Aprígio no crime, apenas de pessoas ligadas a ele.
Bogalho afirma que espera que o seu adversário não tenha ligação com o caso. “Mas, fica difícil com tantas evidências que estão aparecendo”, pondera o prefeito, que anunciou que até o fim das investigações está com as relações rompidas com o grupo político de Aprígio.
A defesa do ex-prefeito, representada por Allan Mohamed, nega envolvimento dele com o crime. Em nota, afirma que ele é vítima do caso, que sofreu um tiro que, por sorte, não ceifou a sua vida.
Para o atual prefeito, a investigação mostra que a equipe de Aprigio atuou contra “a nossa pátria”. “Eles mancharam a democracia, tentaram burlar o sistema eleitoral por meio de atitudes que tiveram”, afirma.
Bogalho estava acompanhado da vice-prefeita Érica Franquini que afirmou que a investigação tem um “sabor de mel”. “É ainda melhor que o sabor da vitória das eleições. Existe a justiça na terra e a de Deus.”
Segundo a prefeitura do município da Grande São Paulo à época, o então prefeito havia visitado bairros atingidos por chuvas e foi atingido por um disparo no ombro, dentro do carro oficial blindado, enquanto voltava para a prefeitura.
Ele foi socorrido ensanguentado e levado ao Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Aprígio disputava o segundo turno em Taboão da Serra contra o candidato Engenheiro Daniel ( então no União Brasil), que terminou a primeira rodada da eleição municipal com 48,98% dos votos válidos. Aprígio obteve 25,93% dos votos.
No segundo turno, Engenheiro Daniel foi eleito com 66,27% dos votos.
