A biblioteca da Escola Paulista de Medicina, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), está fechada há seis anos. Enquanto isso, alunos estudam em espaços improvisados e dizem ter dificuldade para acessar o acervo.
Oficialmente, o prédio está em obras desde 2019. Está previsto que ele se torne um centro cultural para pesquisa e produção de conhecimento em saúde. Porém, a construção está abandonada.
Desde o início da reforma, foram derrubadas somente algumas paredes e guardados materiais. Hoje, o imóvel –na Vila Mariana, zona sul da capital paulista –tem seu exterior tomado por vegetação e sujeira. A parte interna tem paredes mofadas e descascadas, além de muita poeira.
Segundo a Unifesp, a obra é realizada por sua Fundação de Apoio, com recursos captados via Lei Rouanet. Os trabalhos foram orçados em R$ 17,3 milhões. A instituição afirma que, até agosto de 2023, foram captados quase R$ 10 milhões via incentivos fiscais, representando 57% do total aprovado.
Questionada sobre o motivo da paralisação da reforma, a universidade não respondeu até publicação deste texto. Em comunicado em dezembro de 2020, a direção declarou que a obra havia sido suspensa “temporariamente e de forma planejada, no final de março, devido à pandemia”, que o mobiliário e a equipe da biblioteca foram transferidos para outros imóveis do campus e os trabalhos puderam ser retomados com segurança em agosto daquele ano.
Enquanto as obras não avançam, um espaço de estudo improvisado foi disponibilizado para os estudantes na própria escola. A Unifesp diz que o espaço é adequado, mas os graduandos e pós-graduandos discordam.
O Centro Acadêmico Pereira Barretto, que representa os matriculados ali, diz haver uma espécie de “galpão adaptado” em que ficam alguns livros do acervo. Lá, eles podem pegar até três exemplares emprestados, mas não podem sentar, ler e estudar no local. “Não há nem mobiliário para isso”, afirma.
Há ainda alunos que dizem nem ter conhecimento sobre a existência de uma biblioteca no campus. Esses afirmam utilizar arquivos digitais desde o início do curso.
A biblioteca da Escola Paulista de Medicina, iniciada em 1936, conta com 33 mil títulos entre livros, teses e dissertações, e uma coleção de periódicos de saúde, com 6.000 títulos e 800 mil fascículos. O conjunto representa o maior acervo na área de saúde no país e na América Latina.
Sua coleção de periódicos é especialmente relevante do ponto de vista cultural e científico. As primeiras obras são datadas de 1853.
Ao divulgar o início das obras, em dezembro de 2019, a Unifesp afirmou que a biblioteca seria completamente reformada e ganharia ambientes de exposição e divulgação científica, auditório, café e livraria.
“O local também irá abrigar acervos como os do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde (CEHFI) e do Projeto Xingu, além de atividades do recém-criado Instituto de Estudos Avançados e Convergentes da Unifesp (IEAC)”, disse à época.